Acusado revela como matou o primo

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Por Agencia Estado
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Foram 20 dias planejando o crime. Fabrício Henrique de Oliveira, de 20 anos, e Fábio Lopes da Silva, de 23, contaram à polícia em detalhes como mataram o estudante de direito Victor Thiago, de 22, primo de Fabrício. Este chorou ao confessar o crime. Os dois acusados tiveram a prisão temporária decretada pela Justiça. Ciúmes e ganância foram, segundo o delegado Paulo Lew, da Divisão Anti-Seqüestro (DAS), os motivos que levaram Fabrício a planejar o seqüestro e a morte de Thiago. A atual namorada do acusado teve um caso com a vítima há dez meses. Desempregado e sem dinheiro, Fabrício pensou em matar o primo e extorquir o tio, o comerciante Roberto Redolfi Thiago, dono de uma rede de óticas. Ao saber da descoberta da polícia, o comerciante ficou chocado. Apesar de desconfiar do sobrinho, Roberto nunca imaginou que Fabrício pudesse fazer isso - o rapaz havia trabalhado durante quatro meses em uma de suas lojas. Thiago, que estava no 2.º ano da faculdade, foi seqüestrado na segunda-feira, pouco depois de sair da casa da tia, mãe de Fabrício, no Ipiranga, zona sul de São Paulo. O primo e Fábio abordaram a vítima, que estava em seu Astra. Alegaram querer uma carona até um campo de futebol. Fabrício pediu que o primo lhe deixasse dirigir o carro. Fábio foi no banco traseiro e a vítima, no do passageiro. Tudo já estava combinado entre os acusados. Fábio, que recebera uma pistola do comparsa, deveria atirar assim que Fabrício erguesse o volume do som do carro. E assim foi. O primeiro disparo acertou as costas da vítima. Pego de surpresa, Thiago pensou que o tiro tivesse vindo de fora do veículo e pediu ao primo que o levasse a um hospital. Só então ele viu a arma na mão de Fábio. "Vocês estão loucos?", perguntou. Thiago conhecia os dois acusados desde criança. "Dá outro tiro nele, Fábio", mandou Fabrício. Seu comparsa cumpriu a ordem, apertou o gatilho, mas a pistola engasgou. Fabrício apanhou a arma, destravou-a e entregou-a a Fábio para que ele "completasse o serviço". O segundo tiro acertou a vítima no mesmo lugar, matando-a. Os dois foram a um motel, onde tomaram banho e colocaram o corpo no porta-malas do Astra. Depois, pararam o carro num estacionamento da Rua Cipriano Barata, no Ipiranga. Telefonaram para o pai da vítima, disseram que Thiago havia sido seqüestrado e exigiram R$ 400 mil de resgate. "Eles esperavam que o pagamento fosse feito rapidamente" disse o diretor da DAS, delegado Wagner Giudice. Como isso não ocorreu, os acusados foram a um posto de combustível e compraram gasolina. Às 3 horas de terça-feira, retiraram o carro do estacionamento e, a poucos metros dali, atearam fogo para sumir com provas do crime. Foi Fabrício quem riscou o fósforo - que queimou parte do braço direito. Ontem, os acusados foram ao enterro de Thiago. Segundo Giudice, além das confissões, a DAS achou três testemunhas que reconheceram Fabrício no posto de gasolina e no estacionamento. Detido, ele negou o crime, mas ao ser informado das testemunhas, começou a chorar. Resolveu confessar e delatou o comparsa, que foi preso quando chegou à DAS para saber o que estava acontecendo com o amigo.

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