Adeptos do nudismo realizam encontro no Rio

Naturistas vão discutir ações para pressionar o Congresso a aprovar a Lei Gabeira, que autoriza os Estados e municípios a criarem áreas para a prática

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Por Agencia Estado
Atualização:

Cerca de 200 adeptos do naturismo se reuniram na tarde desta quinta-feira, 2, apesar do mau tempo, na Praia de Abricó, na zona oeste do Rio, iniciando o 10º Congresso Brasileiro de Naturismo (Congrenat). Até domingo, eles vão discutir as ações para pressionar o Congresso a aprovar a Lei Gabeira, que autoriza os Estados e municípios a criarem áreas para a prática do nudismo. Hoje, no País existem apenas oito praias onde o nudismo é permitido. A lei tramita no Congresso desde 1996, já foi aprovada na Câmara e nas comissões do Senado, faltando apenas ser votada no plenário. No encontro também será acertada a organização do Congresso Mundial em 2008, que pela primeira vez será realizado no hemisfério Sul. Ele acontecerá na praia de Tambaba, na Paraíba, Estado que apóia oficialmente o naturismo. Para realizar o encontro foi montado um esquema para evitar pessoas estranhas. Apenas jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas foram admitidos na praia com roupas. Mas os debates, a partir de sexta, serão no Parque da Prainha, próximo a Abricó, onde os representantes das 27 entidades naturistas estarão devidamente vestidos. O nudismo será restrito à praia, onde haverá competições esportivas. Swing Os nudistas vão discutir também as medidas que tomarão para conter a invasão de seus espaços por adeptos do swing (a prática de troca de parceiros entre casais). "Tem crescido muito a presença destes casais entre nós. Eles utilizam as nossas áreas em busca de contatos. Isso desvirtua o naturismo, mas temos que descobrir como tratar esta questão sem cairmos no preconceito", explicou Pedro Ribeiro, presidente da Associação Naturista do Abricó, única praia onde é permitido o nudismo na cidade do Rio. Como a conduta destes casais não afeta as regras estabelecidas - não ter praticas sexuais, não faltar ao respeito, entre outras exigências - eles não podem ser impedidos de freqüentar estes espaços públicos. Mas, mesmo bem comportados, segundo Ribeiro, eles criam constrangimentos ao tentarem atrair outros casais para o swing. Preconceito Uma outra questão sempre presente nas discussões dos naturistas é o preconceito. Eles dizem que ainda é grande a discriminação no Brasil. "Todos pensam que área naturista é área de libertinagem", disse a alemã Beate Flunkert, de 41 anos, adepta do nudismo desde os 11 anos, ainda na sua terra natal. No encontro, são esperados grupos de naturistas de sete Estados e do Distrito Federal. Mas há também a participação de pessoas sozinhas, como a secretária paulista, Simone Oliveira, de 29 anos, moradora do bairro da Mooca, que veio sem o namorado. "Em São Paulo não tenho onde praticar o nudismo. Geralmente venho ao Rio. Meu namorado acha estranho. Ele tem vontade, mas fica com medo de se excitar. Eu venho sozinha e ele fica cheio de ciúmes", confessou.

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