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Adolescente espancado por PMs morreu por asfixia

Por Angela Lacerda
Atualização:

Asfixia mecânica - ou impedimento da função respiratória - foi a causa da morte do adolescente Denis Henrique Francisco dos Santos, de 13 anos, de acordo com laudo divulgado ontem pelo Instituto de Medicina-Legal (IML). A irmã do garoto, Ana Cláudia Galdino dos Santos, e amigos asseguram que Denis foi espancado com cassetete por policiais militares durante a prévia carnavalesca Forte Folia, no bairro do Cordeiro, domingo à tarde, no Recife. "Ele foi estrangulado", traduziu o delegado da Gerência da Polícia da Criança e do Adolescente (GPCA), Bruno Chacon. Ele avaliou que pode ter sido um estrangulamento direto, o que caracterizaria crime doloso (intencional), ou indireto, o que caracterizaria crime culposo (sem intenção). "Há testemunhas que afirmam que o menino foi espancado e depois arrastado por um policial sob o seu braço, numa ?gravata?, o que poderia ter provocado a asfixia", observou. "Outros relatos dão conta de que, ao ser jogado no chão, Denis teria golfado." Nesse caso, o adolescente pode ter aspirado o próprio vômito e não ter conseguido respirar. ALUNOS As agressões podem ter sido feitas por alunos do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças que integravam o policiamento da festa. O corregedor auxiliar da Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social, coronel Geraldo Silva, disse ser comum a participação de alunos na fase final do curso em policiamentos. É uma etapa de estágio prático, sob o monitoramento de superiores. Segundo Silva, cerca de cem homens fizeram a segurança da festa, sob o comando do 13º Batalhão da PM. Entre eles, 52 alunos. Suas fotos serão analisadas pelas testemunhas, para reconhecimento dos agressores. O conselheiro tutelar Geraldo Nóbrega estranha o número de alunos ser superior ao de policiais efetivos. Ele considera importante a punição dos culpados e lembra não ser a primeira vez que adolescentes morrem devido a excessos de policiais. Identificados, os supostos agressores serão ouvidos tanto pela Corregedoria, encarregada da punição disciplinar, quanto pelo delegado da GPCA, que cuida do inquérito criminal. Se condenados, podem ser desligados do curso (se alunos) ou excluídos da corporação (se efetivos), além de condenados por homicídio culposo ou doloso. A família de Denis terá acompanhamento jurídico do Centro Dom Hélder Câmara (Cendhec).

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