Advogado de Freud foi estagiário de Thomaz Bastos, diz Bornhausen

Bornhausen disse ainda que Jorge Lorenzetti, que supostamente contratou o advogado Gedimar Passos e o apresentou a Freud Godoy, saiu da "ação de cortar churrasco e assar carne" para o cargo de diretor financeiro do BESC, que foi federalizado

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Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), disse nesta terça-feira que tem informações sobre a ligação entre o advogado do ex-assessor especial da Secretaria Particular do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Freud Godoy, e o ministro da Justiça, Marcio Thomaz Bastos. Ele contou que recebeu um e-mail informando que Augusto de Arruda Botelho teria sido estagiário e advogado júnior do escritório de advocacia do ministro em São Paulo, durante anos. Bornhausen disse ainda que Jorge Lorenzetti, que supostamente contratou o advogado Gedimar Passos e o apresentou a Freud Godoy, saiu da "ação de cortar churrasco e assar carne" para o cargo de diretor financeiro do Banco do Estado de Santa Catarina (Besc), que foi federalizado. "Ele (Lorenzetti) nunca viu um banco na vida e foi galgado a esse posto", disse Bornhausen. "Ele (Lorenzetti) é muito ligado ao ex-deputado José Dirceu e coordena a campanha de Lula em Santa Catarina", interveio o senador Leonel Pavan (PSDB-SC). "Se isso for verdade, é mais uma ação do criminalista Márcio Thomaz Bastos em favor de seu cliente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva", disse o senador. "De onde vem o dinheiro apreendido? Onde estão as fotos do dinheiro?", voltou a perguntar o presidente do PFL, questionando a posição do ministro da Justiça. "Aonde Freud arrumou o dinheiro? Por que seu depoimento na Polícia Federal só durou 20 minutos? Isso vem acrescentar mais uma mancha na história do governo Lula", afirmou. Ligações suspeitas Lorenzetti foi apontado ontem por Freud Godoy como o intermediador dos encontros que teve com o advogado Gedimar Passos - preso na sexta-feira, em São Paulo, com R$ 1,75 milhão, que seria usado na compra do dossiê Vedoin. Ele será investigado pela Polícia Federal como um dos pilares do escândalo. O envolvimento de Lorenzetti com Lula e com a cúpula do PT transcende as relações político-partidárias. Apontado como homem com trânsito livre no Palácio do Planalto, ele é também o churrasqueiro preferencial do presidente nos encontros promovidos na Granja do Torto. Um desses churrascos foi o que Lula ofereceu ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, durante a transição de governo. Ou mesmo no churrasco oferecido ao líder cubano Fidel Castro, em 2003. Diretor do Besc desde março de 2005, Lorenzetti pediu licença do cargo em 1º de agosto para integrar a campanha à reeleição do presidente, em Brasília. A própria indicação dele para o cargo foi feita diretamente pela Presidência, mas a assessoria do banco não quis confirmar se foi um pedido pessoal de Lula. Coincidência ou não, o atual presidente do Besc, Eurides Luiz Mescolotto, é também um velho amigo de Lula e de Lorenzetti. Indicado pelo presidente para assumir o banco - que foi federalizado em 1999 -, Mescolotto é ex-marido da senadora Ideli Salvatti (PT-SC). Consta que na primeira quinzena de julho o próprio Lorenzetti e a senadora Ideli foram recebidos em Brasília. No encontro se discutiu, entre outras coisas, a criação de um comitê suprapartidário em Santa Catarina em apoio à reeleição. A confiança de Lula em Lorenzetti não se restringe aos seus horários de lazer. Em 21 agosto de 2003, durante discurso do presidente, no lançamento do Pólo de Fruticultura da Amazônia, no município de Benevides (PA), Lorenzetti foi nominalmente citado por Lula como alguém em quem os presentes deveriam ´confiar´, como um bom homem de relações internacionais. De fato, Lorenzetti é conhecido como um exímio arrecadador de fundos internacionais. Esse histórico começou em meados da década de 90, quando ele era uma das principais lideranças nacionais da Central Única dos Trabalhadores (CUT) - quando a entidade ainda não tinha relações profundas com o PT. Um ex-petista que participou da fundação do partido e da campanha de Lula em 1989 disse que, por volta de 1994 e 1995, Lorenzetti formava, juntamente com Delúbio Soares (tesoureiro) e Gilmar Carneiro (secretário-geral), o tripé de comando da CUT. Segundo esse ex-petista, foi por meio da ligação de Lorenzetti com Lula e o ex-ministro José Dirceu que a CUT passou a se aproximar do PT e começou a buscar fundos internacionais para formação sindical. Enfermeiro por formação, Lorenzetti foi também o primeiro candidato a prefeito de Florianópolis pelo PT, em 1985.

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