Advogado deixa cativeiro e enfarta

Vigia e motorista ainda tentaram socorrer a vítima; polícia teria demorado 40 minutos para atender chamada

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Por Naiana Oscar
Atualização:

Após passar 15 dias sequestrado, o advogado Ademar Boaventura Michels, de 60 anos, teve um enfarte e morreu, ontem de madrugada, após deixar o cativeiro. Ele foi socorrido por um vigia, por volta da 1 hora, na Rua Diógenes Ribeiro de Lima, em Pinheiros, zona oeste da capital. A polícia não sabe informar se ele havia conseguido fugir ou se foi libertado pelos bandidos. Segundo o delegado José Roberto Barbassa, três pessoas são investigadas. Quando foi encontrado pelo vigia Manuel da Silva, o advogado vestia o mesmo terno de quando foi sequestrado na porta de seu escritório, em Diadema. Michels caminhou com dificuldade até a guarita, se sentou na calçada e pediu água. "Ele estava com um cheiro muito forte, sujo, parecia um mendigo." Confuso, só conseguiu contar que havia sido sequestrado, sem dar detalhes ou nomes de familiares. Vinte minutos depois, Michels caminhou até o outro lado da rua e passou a pedir socorro. Conforme o boletim de ocorrência, um motorista de ônibus parou para ajudar e, com o vigia, chamou a Polícia Militar. Na delegacia, Silva disse que a PM demorou 40 minutos. "Na verdade, tive de parar uma viatura que estava passando e nem sabia de nada", disse ao Estado. Michels já estava morto quando os policiais chegaram. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegou meia hora depois. Ontem à tarde, no velório, o vereador Lauro Michels (PSDB), de 26 anos, filho da vítima, elogiou o trabalho da Polícia Civil durante as investigações, mas não comentou a atuação da PM. Para o sobrinho do advogado, Antônio Michels, a morte poderia ter sido evitada se as pessoas tivessem ligado primeiro para o Samu. "Faltou bom senso." A PM abriu sindicância para apurar o atraso.

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