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Aécio se diz preocupado com a possibilidade de Lula ser eleito sem o esclarecimento do dossiê

Segundo o governador mineiro, um novo governo petista pode "vir a ter problemas lá adiante"

Por Agencia Estado
Atualização:

O governador reeleito de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), manifestou nesta quinta-feira preocupação quanto à eventual reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sem que esteja esclarecido o episódio do dossiê contra tucanos e a origem do dinheiro que seria usado para comprá-lo. Aécio alertou que, nesse caso, um novo governo petista pode "vir a ter problemas lá adiante". Segundo o governador, foi essa a intenção do presidenciável de seu partido, Geraldo Alckmin, quando disse que se Lula for reeleito o governo "acaba antes de começar". Ao participar pela manhã de uma solenidade de entrega de 167 carros para a Polícia Civil, em Belo Horizonte, ele fez questão de observar que Alckmin quis dizer que um governo que disputa um novo mandato sem revelar à população "denúncias extremamente graves" pode se "fragilizar" em seguida, quando os esclarecimentos vierem à tona. "Temos que aguardar o resultado das urnas para ver de que forma o governo, se vencer as eleições, governará", disse Aécio. "Tenho uma grande preocupação: a de que ao empurrar os esclarecimentos desses episódios, ao impedir que as pessoas votem sabendo efetivamente de onde vieram esses recursos, quais os responsáveis por eles, o governo pode vir a ter problemas lá adiante." Pelo segundo dia consecutivo, o governador mineiro rebateu declarações do ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, a quem chamou de "o mais importante porta-voz do governo federal". Aécio classificou de "equivocada" e "sem nenhum sentido" a reação de Tarso, que comparou o candidato do PSDB ao ditador chileno Augusto Pinochet por afirmar que um eventual segundo governo Lula termina antes de começar. O governador reiterou as críticas ao ministro petista, que disse que o eleitorado está cansado do tema ética. "Em nenhuma sociedade, nenhum tempo, o debate da ética pode estar exaurido. Ele deve permear os outros debates, ele deve ser a base da construção de uma sociedade democrática. As grandes lideranças do País, com a responsabilidade que têm, não podem fixar os seus olhos apenas nas eleições, esquecendo os exemplos que dão." Propostas Apesar disso, Aécio afirmou que a questão ética não deve ser a única bandeira de campanha de Alckmin e sugeriu que ele fosse propositivo no debate entre os presidenciáveis previsto para a noite de ontem (19). "Além de cobrar do governo a responsabilidade que tem na investigação de todas essas gravíssimas denúncias, ele tem que apresentar também propostas claras ao País". O governador reafirmou que está empenhado e ainda acredita na vitória do candidato de seu partido, "o que seria bom para o Brasil e muito melhor para Minas Gerais". Voltou a dizer também que o poder fez mal ao PT. Segundo ele, "para sobreviver", a legenda precisa "fazer um estágio na oposição" para recuperar a ligação com o setor sindical. "Homens de bem" Aécio, contudo, ressaltou que reconhece que no PT existem "homens de bem" e "respeitáveis", citando entre eles o prefeito da capital mineira, Fernando Pimentel. O governador de Minas é visto pelo presidente Lula como um interlocutor importante dentro do PSDB num eventual segundo mandato. O tucano não se furta a ressaltar o bom relacionamento político com o presidente e costuma dizer que, por natureza, é um "construtor de pontes". Reeleito com 77% dos votos válidos, ele tem anunciado que pretende liderar após as eleições um movimento dos governadores por uma "convergência" política visando a aprovação de reformas estruturais no Congresso.

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