Aeronáutica pede alerta para transponder

Dez meses após acidente entre Boeing e Gol, FAB fará 40 recomendações sobre segurança

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Por Redação
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A Aeronáutica vai fazer cerca de 40 recomendações aos diferentes órgãos ligados à aviação civil para melhorar a segurança dos vôos. Um dos destaques é a proposta de que haja um alerta especial à tripulação quando o transponder deixar de indicar a posição correta da aeronave para o controle do tráfego aéreo. A medida da Aeronáutica tem como base as primeiras conclusões da investigação do acidente entre o Boeing da Gol e o jato Legacy, em 29 de setembro, que matou 154 pessoas. A falta de indicação da posição do Legacy no painel do centro de controle de tráfego aéreo de Brasília (Cindacta-1) impediu que os controladores de vôo soubessem que o jato, da empresa norte-americana de táxi aéreo ExcelAire, continuava voando a 37 mil pés, mesma altitude em que o Boeing voltava de Manaus para Brasília. O transponder do Legacy se desligou depois que o avião passou por Brasília. O piloto e o co-piloto não perceberam isso durante quase uma hora, até o momento do choque, quando o equipamento voltou a funcionar. Atualmente, só o TCAS (sistema anticolisão) indica se o transponder está ''''on'''' ou ''''off''''. Se houvesse algum tipo de alerta sonoro ou visual, os pilotos teriam visto o problema e poderiam ter religado o aparelho. Com a recomendação da Aeronáutica, a expectativa é de que o fabricante do equipamento mude a indicação de TCAS off para uma luz vermelha no painel ou que emita um alerta sonoro. Quando as recomendações forem emitidas, poderá haver uma nova forma de isso ser feito, com checagens via fone, por exemplo. SÍMBOLO Há uma recomendação, à própria Aeronáutica, de que, no caso de os radares primários ou secundários não funcionarem, haja outro tipo de alerta, provavelmente sonoro, informando claramente se a saída é do radar primário ou do radar secundário - em vez da simples troca de símbolo que aparece na tela do controlador. Esse aviso, porém, não poderia ser muito intenso, para não atrapalhar a operação em relação aos demais vôos, já que os operadores podem controlar até 14 aeronaves ao mesmo tempo. Quando há perda do radar secundário, há apenas o acréscimo de uma letra ''''Z'''' na tela, indicando que aquela informação não é exata. Quando não há nenhum dos dois radares, não aparece nenhuma informação da altitude do avião. Uma terceira medida que pode vir a ser adotada é que, quando houver transferência de uma aeronave de um setor do tráfego aéreo para outro, haja uma checagem com quem está recebendo o avião, para verificar se eles assumiram a responsabilidade sobre o vôo. O choque do Boeing com o Legacy ocorreu numa área de transferência de monitoramento do Cindacta-1 para o Cindacta-4, de Manaus. Hoje, há uma transferência automática. PRAZOS As recomendações ainda não estão todas prontas e dependem de aprovação do Estado-Maior da Aeronáutica. Elas deverão ser apresentadas apenas em setembro, quando o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) pretende entregar seu relatório final, com o que chama de fatores contribuintes para o choque entre o Boeing e o Legacy. No dia 1º de setembro, a direção do Cenipa deve realizar a sexta reunião com os familiares das vítimas do acidente com o Boeing da Gol. No encontro, a Aeronáutica deverá apresentar mais informações sobre a fase final das investigações e mais uma parte do que já foi detectado como problemas que poderiam ter levado ao acidente.

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