Africanos atirados ao mar pedem para ficar no Brasil

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Por Agencia Estado
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O subsecretário nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, Perly Cipriano, disse hoje que o governo brasileiro está dando atenção especial ao caso dos africanos que foram jogados ao mar pela tripulação do navio chinês Tu King em que viajavam clandestinos. Ele participava de um evento no Recife e recebeu os estrangeiros, que alegaram ter fugido da miséria em busca de uma vida melhor e desejam permanecer no País. Dez africanos viajaram no Tu King. Seis deles foram flagrados a oito quilômetros da costa pernambucana e atirados ao mar. Outros dois lançaram-se ao mar espontaneamente ao verem a confusão. Eles vinham de Conacri, República da Guiné. Outros dois, vindos da Costa do Marfim, conseguiram chegar ao Recife sem serem descobertos e se entregaram voluntariamente à Polícia Federal. Alain Adopo, 29 anos, e Bangaly Traore, 23, poderão conseguir asilo político, já que fugiam da guerra civil e estão de posse dos seus documentos. Os outros não têm documentos e três deles afirmam ser menores de idade, sendo necessário localizar suas famílias. O subsecretário ouviu o relato dos clandestinos que contaram ter sido espancados antes de jogados ao mar e afirmou estar em contato com o Itamaraty e com o Ministério da Justiça. Mas não lhes fez promessas. Ele demonstrou sua preocupação com o respeito aos direitos humanos e lembrou: ?três milhões e meio de brasileiros estão fora do País e queremos que os que chegam aqui sejam tratados da mesma forma como esperamos que os brasileiros sejam tratados lá fora?. Os africanos foram jogados no mar no dia 12 e resgatados no mesmo dia por um pescador. Um deles, Karomoko Suma, ainda está internado no Hospital da Restauração. Ele sofreu uma fratura exposta no braço, provocada, segundo o africano, por espancamento com uma barra de ferro. O comandante do navio chinês, Xu Chang Quan, está detido no Centro de Triagem Professor Everardo Luna. Ele teve prisão temporária decretada pela justiça federal por tentativa de homicídio. À disposição da polícia ?que instaurou inquérito policial - e da justiça, os estrangeiros estão hospedados em um hotel, sob custódia, e têm saído para alguns passeios. Muçulmanos, eles foram hoje a uma mesquita no bairro central da Boa Vista. Na sua religião começava o feriado que marca o fim do mês sagrado do Ramadã. À noite iriam assistir a shows de batuque e percussão no Pátio de São Pedro, no centro, dentro da programação da prefeitura chamada Terça Negra.

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