Agência internacional de risco vê rodízio no Sudeste como ‘provável’

Avaliação da Moody’s é de que isso terá impacto econômico nos setores industrial, de construção civil e de bebidas

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Por Luana Pavani
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Uma das agências internacionais de avaliação de risco - responsáveis pela análise geral de países como o Brasil, e de grandes empresas com ações em Bolsa, como a Petrobrás - considera provável a decretação de racionamento de água em São Paulo e em outros Estados do Sudeste no próximo mês. Isso terá impacto econômico nos setores industrial, de construção civil e de bebidas, na avaliação da Moody’s. 

De forma geral, um racionamento, seja federal ou estadual, vai piorar o já contraído crescimento econômico do País. Para a Moody’s, é bem provável que as três principais provedoras de serviços públicos que atendem o Sudeste implementem racionamento de água depois do fim da temporada de chuvas, em abril.

Falta de água atinge regiões da Grande São Paulo Foto: Nilton Fukuda/Estadão

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No caso da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), um racionamento poderia reduzir o Ebitda em 30% a 40%; para a Copasa (MG), a redução seria de 22% a 45%. O Ebitda é o lucro antes de juros, impostos e depreciação de uma empresa. Já na Cedae (RJ), que não tem rating atribuído pela agência, o reflexo seria um corte de receitas e no fluxo de caixa. 

Procurada, a Sabesp reiterou o que seu presidente, Jerson Kelman, havia dito no dia 25. “As chuvas acima da média para fevereiro contribuíram para afastar a probabilidade de rodízio, mas essa situação não está descartada. Caso seja inevitável, a população será avisada.” 

“O estresse que um racionamento causaria sobre uma empresa individualmente vai depender das operações no Sudeste e quanta água capta de concessionárias públicas”, afirmou a vice-presidente da Moody’s, Barbara Mattos. A petroquímica Braskem, por exemplo, tem por volta de 30% de sua capacidade industrial no Sudeste. A gigante de bebidas Ambev tem 13 de 21 unidades na Região.

Menos afetadas. O risco é moderado nas indústrias de metais e mineração e papel e celulose no Brasil. A Moody’s nota que Suzano Papel e Celulose e a Fibria reduziram sua dependência de fontes de fornecimento público de água e aumentaram a eficiência no uso. As indústrias de siderurgia e proteína, por sua vez, dependem mais fortemente dos rios e lençóis freáticos do que do serviço público de abastecimento de água. 

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