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Agente contradiz SuperVia e afirma que teve só 1 dia de treino

Três funcionários confessam ter agredido passageiros e são indiciados por lesão corporal

Por Clarissa Thomé
Atualização:

Leonardo Leite de Paula, de 23 anos, um dos agentes de controle da SuperVia acusado de agredir passageiros na estação de Madureira, na quarta-feira, teve apenas um dia de treinamento durante quatro meses, sem passar por reciclagem. O depoimento, prestado ontem , contraria a versão anterior da empresa, de que agentes fazem cursos e atualização regularmente.Luiz Guimarães, advogado da MS Serviços, terceirizada contratada, informou que agentes fazem curso de dois dias e reciclagem a cada três meses. A SuperVia confirmou que o curso se resume a oito horas a cada seis meses. Os agentes recebem informações sobre como se relacionar com clientes e controle e acesso nas estações e nos trens. Há também aulas práticas "periodicamente". De Paula e outros dois agentes - Bruno de Castro Santos, de 23 anos, e Rodrigo Balduíno, de 28 - confessaram as agressões e foram indiciados por lesão corporal leve e constrangimento ilegal. A pena pode chegar a um ano de prisão. Balduíno, com nove meses de casa, passou por três reciclagens. Ao titular da Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados, Eduardo Freitas, ele disse ter "perdido a cabeça" diante do comportamento dos "surfistas ferroviários". Disse também que tinha "consciência da gravidade dos fatos, mas que não via outra maneira de se impor". A intenção era chicotear o trem. Santos é o agente que aparece desferindo um soco em um passageiro. Ele disse que reagiu ao ser chamado de "ladrão" e ser atingido por cuspe. A MS Serviços esclareceu que foram demitidos três funcionários, e não quatro, porque se percebeu que esse agente tentava apartar a briga. Ontem, o delegado Freitas identificou o agente Jorge Teles como o homem à paisana que participa das agressões. Ele prestará depoimento na próxima semana. Outros três agentes falaram como testemunhas. Os dois policiais militares que estavam na plataforma não compareceram. O juiz Rodrigo José Meano Brito, da 6ª Vara Empresarial, determinou que a SuperVia seja multada em R$ 20 mil cada vez que seus trens circularem com as portas abertas. Em 60 dias, a empresa deve instalar sistema para impedir a abertura pelos passageiros, sob pena de multa de R$ 10 mil por dia.

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