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Agentes fazem greve e detentos podem se rebelar em SP

Paralisação é em protesto pela morte do 21º agente assassinado desde maio de 2006; presos não vão receber visitas e encomendas deixadas por parentes

Por Agencia Estado
Atualização:

Agentes penitenciários do Estado de São Paulo paralisam as atividades a partir da meia noite desta sexta-feira em protesto contra a falta de segurança no sistema carcerário e o assassinato do agente Antônio Carlos Ataliba, de 39 anos. Ataliba, que trabalhava no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pinheiros 1, foi morto a tiros quando lavava o carro na garagem de casa, na última terça-feira, 3, em Osasco. Os agentes não descartam a possibilidade dos detentos se rebelarem durante o fim de semana, já que entre a zero hora de sábado e meia-noite de domingo, os presos ficarão trancados nas celas, proibidos de receber visitas e encomendas deixadas pelos parentes. Também não serão liberados para banho de sol, segundo informações de Cícero Sarney dos Santos, do Sindicato dos Agentes de Segurança Penitenciária do Estado de São Paulo (Sindasp). A Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), por meio de sua assessoria, negou ter recebido qualquer comunicado oficial do Sindasp sobre a organização dos protestos. A secretaria afirmou apenas ter sido avisada sobre o luto pela morte do agente e afirmou que, caso haja paralisação, serviços básicos como alimentação e atendimento médico não serão suspenso. Em assembléia na noite de quinta-feira, 5, o Sindasp decidiu suspender as visitas aos presos no sábado e no domingo de Páscoa em protesto pela morte de Ataliba, que foi o 21º agente assassinado desde os ataques de maio de 2006. De acordo com Santos, os agentes vão trabalhar com tarjas e lenços negros amarrados nos uniformes para simbolizar o luto da categoria contra a insegurança no sistema carcerário paulista. "Não vamos liberar os presos para receber visitas ou banho de sol", disse Santos. "Precisamos chamar atenção para mais esta execução bárbara, covarde, de um colega. Foram retirados mais de 20 projéteis do seu corpo", disse Santos. Rebeliões Segundo ele, a categoria não descarta a possibilidade de haver rebeliões dos presos por conta da suspensão das visitas. "Por ocorrer uma reação, mas a rebelião independe dos motivos. Quantas rebeliões eles fizeram sem apresentar motivos? Eles não precisam de motivos", comentou o sindicalista. Segundo ele, os agentes não estão preparados para as rebeliões. "Não estamos preparados para os motins, como não estamos preparados nem para trabalhar nas condições que estamos trabalhando", comentou. Para Santos, a culpa pelas mortes não é do crime organizado. "A culpa é da política de omissão e descaso dentro do sistema nos últimos 15 e 20 anos", apontou. O Sindasp controla presídios do Oeste Paulista, da Grande São Paulo e região de Campinas, que deverão ser mais atingidas pelo protesto. De acordo com Santos, os 32 presídios da região Oeste do Estado devem parar. Segundo ele, atualmente existem 23 mil agentes no sistema, mas 30% deles estão desviados para outras funções. Para desempenhar a profissão a contento, é necessário, no mínimo, a contratação de pelo menos outros 27 mil agentes. "Em 1994, havia 2,17 presos para cada agente; hoje, a relação é de 8 presos para cada agente", afirmou. Texto ampliado às 17h35 para acréscimo de informações.

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