Agitação dos anos 80 não se repete no recife

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Por Angela Lacerda
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RECIFECom mais de 90% de aprovação do povo pernambucano, o presidente Lula não foi capaz de encher, no último dia 25, a Praça do Marco Zero, no Recife, em comício em torno de sua candidata, Dilma Rousseff (PT), e do governador Eduardo Campos (PSB), candidato à reeleição e favorito absoluto na preferência do eleitorado. O público, muito aquém do esperado, era formado, em sua grande maioria, por militância paga para carregar bandeiras. Aonde chega, Eduardo Campos é assediado, disputado para fotos, mas nas ruas não se veem atitudes espontâneas de voluntários distribuindo panfletos ou santinhos. A maioria dos carros com adesivos da coligação é de gente diretamente ligada à sua campanha. Amargando uma situação desconfortável, com 40 pontos porcentuais abaixo de Campos, os eleitores do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB), que concorre pela terceira vez ao governo estadual, aparecem ainda menos.A ausência de efervescência nas ruas é explicada pelo sociólogo José Arlindo Soares, responsável pelo programa de governo de Jarbas, pela realização de eleições a cada dois anos e o baixo prestígio dos políticos. "As pessoas votam no que consideram melhor, mas é como se houvesse um esgotamento da esperança."Coordenador-geral da campanha de Campos, Milton Coelho concorda apenas quanto ao cansaço pela realização de eleições em curto espaço de tempo. Ele aposta na empolgação da população a partir da segunda quinzena de setembro. "Ainda é cedo", avalia, ao observar que as campanhas encurtaram. Ele também destaca que não se pode esperar que se repita agora o que ocorria na década de 80, quando a classe média pernambucana tomava as ruas para eleger políticos como Miguel Arraes e o próprio Jarbas Vasconcelos. Para ele, naquela época se lutava pela democracia. Hoje as disputas se dão em torno de propostas e formas de gestão. "Há uma nova forma de se relacionar com o eleitor", afirma Coelho. Prestígio em baixaJOSÉ ARLINDO SOARESCOORDENADOR DO PROGRAMA DE GOVERNO DE JARBAS VASCONCELOS (PMDB)"As pessoas votam no que consideram melhor, mas é como se houvesse um esgotamento da esperança"

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