Agnelo anuncia 0800 contra corrupção

Governador eleito do Distrito Federal diz que vai criar secretaria de transparência e acumular pasta de Saúde

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Por Rafael Moraes Moura/ BRASÍLIA
Atualização:

Eleito na esteira do escândalo da Caixa de Pandora - e ele mesmo alvo de denúncias -, o governador eleito do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), prometeu criar uma secretaria de transparência para investigar as contas públicas e instalar um 0800 anticorrupção, assim que tomar posse, em janeiro de 2011. Em entrevista coletiva concedida à imprensa ontem, um dia após a divulgação do resultado das urnas, o petista disse que só vai ter ficha-limpa no seu governo - a coligação vitoriosa, no entanto, reúne personagens acusados de envolvimento no chamado "mensalão do DEM". Eleito com 66,10% dos votos válidos, o ex-ministro do Esporte impôs uma derrota histórica ao clã de Joaquim Roriz, que governou o DF por 14 anos. Além disso, o PT retoma o Palácio do Buriti, 12 anos após o fim do governo de Cristovam Buarque (1995-1998), hoje no PDT. Ao falar com jornalistas, Agnelo prometeu uma gestão com ética e transparência, discurso que permeou toda a sua campanha. "Temos de ter domínio das contas, tomar medidas adequadas, é uma obrigação nossa. A transparência radical ajuda", afirmou, ao lado de Cristovam e do vice, Tadeu Filippelli (PMDB). Segundo o governador eleito, a nova secretaria ficará encarregada de investigar as contas e os contratos do Executivo local, um instrumento "rotineiro, não eventual" de fiscalização, reunindo controladoria, corregedoria e ouvidoria. Agnelo também pretende implantar um 0800 anticorrupção. "Incluiremos nos contratos um 0800, com total privacidade, de tal maneira que, se o cidadão for abordado de alguma forma que não seja de interesse público, ele pode recorrer para isso ser investigado, preservando a sua identidade", comentou. "Você previne tanto do lado da administração quanto do lado empresarial, para que ele (empresário) não se submeta a essas práticas." O próprio Agnelo pretende assumir a Secretaria de Saúde nos primeiros meses de mandato, para recompor a rede pública hospitalar e orientar de perto as ações de compra de medicamentos e equipamentos. "Tomaremos uma série de medidas emergenciais, coordenadas diretamente por mim, para tirar a saúde da UTI." Assim que saiu o resultado das urnas, o atual governador do DF, Rogério Rosso (PMDB) - o quarto nome a ocupar o Buriti neste ano -, entrou em contato por telefone com Agnelo, para felicitá-lo pela vitória e falar sobre transição. Conversaram durante meia hora. Os dois devem se encontrar na próxima semana, já que o petista viajaria ontem para a Bahia. Rosso apoiou publicamente a campanha de Weslian Roriz (PSC), que obteve 33,9% dos votos. Ao ser questionado durante a coletiva se a vitória de domingo representava o fim do rorizismo, Agnelo respondeu: "É uma pergunta difícil. É a própria população quem vai decidir isso. Se fosse por minha vontade, sim, mas não posso falar pela população." "Implacável oposição". Em declaração enviada pela assessoria, Weslian Roriz diz que cumpriu uma "missão" e avisa ao governador eleito "que nosso grupo político - comandado por Joaquim Roriz - irá fazer uma implacável oposição". "Iremos acompanhar as decisões governamentais, a transparência prometida e as ações que possam prejudicar as populações mais humildes", afirma. Prioridades AGNELO QUEIROZGOVERNADOR ELEITO DO DF"Temos de ter domínio das contas, tomar medidas adequadas, é uma obrigação nossa. A transparência radical ajuda""Tomaremos uma série de medidas emergenciais, coordenadas diretamente por mim, para tirar a saúde da UTI e botá-la pelo menos de pé"

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