Air France substituirá sensores de velocidade em poucos dias

Falha nos sensores é considerada possível causa do acidente; sindicato pressionou por calendário curto

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Por Redação
Atualização:

A Air France informou que substituirá os sensores que medem a velocidade das aeronaves Airbus A330 e A340 em poucos dias, disseram pilotos da companhia aérea francesa. A substituição dos sensores segue-se à recomendação do sindicato de pilotos para que não voem enquanto os sensores não forem trocados. O A330 que fazia o voo 447 Rio-Paris e caiu sobre o oceano Atlântico no dia 1º de junho apresentou falhas nos sensores, segundo as últimas mensagens enviadas pelo avião.

 

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A Air France disse que acelerou as trocas dos sensores por suspeitas de que eles teriam congelado durante uma tempestade em alta altitude e oferecido informações equivocadas sobre a velocidade da aeronave, segundo a agência Dow Jones. Estas informações incorretas teriam levado os pilotos a reduzir ou acelerar a velocidade do avião, causando o acidente, avaliam alguns peritos.

 

"A administração da Air France reuniu-se com os sindicatos de pilotos ontem à noite para informar sobre a substituição dos sensores de velocidade e deu um calendário extremamente curto, de poucos dias", disse nesta terça-feira, 9, o porta-voz do sindicato SNPL, Erick Derivry. A Air France não comentou a declaração.

 

Autoridades da Airbus, da Air France e investigadores do acidente não confirmaram a relação entre os sensores e o acidente, mas todos fizeram advertências aos pilotos para que mantenham atenção a eventuais leituras contraditórias dos sensores de velocidade.

 

Segundo um memorando obtido pela agência AFP, a Air France teria alertado pilotos em novembro sobre um "significante número de incidentes" com os sensores. Dois pilotos da companhia confirmaram a autenticidade do documento obtido pela agência.

  

Outros incidentes

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Pelo menos dois incidentes com os sensores foram relatados por tripulações da Air France em Air Safety Reports (ASR), o documento que registra o relatório de eventos anormais em voos comerciais. O primeiro diz respeito a um Airbus A340, de matrícula F-GLZL, posto em serviço em 1998, que fazia a rota entre Tóquio e Paris. De acordo com o ASR, o avião sofreu "perda de indicações anemométricas", causando queda brusca de altitude. No painel do piloto, um alarme com as inscrições NAV ISA Discrepancy foi acionado, indicando a divergência dos sensores de velocidade.

 

A falha causou a desconexão do piloto automático e panes no sistema Fly by Wire e Air Data Inertial Reference Unit (Adiru) - a exemplo do que aconteceu com o voo AF447. Para contornar a falha, a tripulação ativou o sistema de descongelamento dos pitots, que até então estava em posição automática. Com a medida, os indicadores de velocidade progressivamente retomaram a coerência nas aferições, possibilitando à tripulação seguir voo até seu destino.

 

O segundo incidente ocorreu com outro A340, de matrícula F-GLZN, que realizava a rota entre Paris e Nova York. Após turbulências, a aeronave - também posta em serviço em 1998 - apresentou a mensagem NAV ISA Discrepancy, teve o piloto automático desligado e apresentou panes eletrônicas por dois minutos, antes que as condições ideais de navegação fossem retomadas.

 

A eventual falha dos tubos de pitot do voo 447 é uma das pistas mais claras seguidas pelo Escritório de Investigações e Análises sobre a Aviação Civil (BEA), o órgão que investiga as causas do acidente da Air France. Segundo apuração dos peritos, as 24 mensagens automáticas enviadas pela aeronave entre 23h10 e 23h14 do domingo indicaram "incoerência da velocidade aferida". 

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