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Alan superou medo após o acidente

Atingido por um carro na estrada, motoboy ficou paraplégico

Por Humberto Maia Junior
Atualização:

Alan Primo Batista era motoboy e tinha 18 anos quando ficou paraplégico. "Achei que minha vida tinha acabado naquele momento." Para tudo ele dependia de alguém. Mas não tinha esse alguém: sem pai desde os 5 anos, com uma mãe recém-operada e uma irmã ainda bebê. "Passei oito meses e vi que essa revolta só ia me atrapalhar." Hoje, aos 25 anos, consegue sair da cadeira de rodas para a cama sem ajuda de ninguém, está no segundo ano de Administração e não sofre nem com o que mais temia depois do acidente: a falta de mulher. "Tenho uma noiva, uma pessoa que dá valor a mim e me dá força." Alan é uma das vítimas do conflito entre motociclistas e motoristas de carros. Em 8 de dezembro de 2000, ia para Santos pela Rodovia Anchieta quando um carro o atingiu por trás numa curva. Após o choque, o motorista fugiu. No dia seguinte, Alan percebeu a perda dos movimentos da perna. "Foi o baú atrás da moto que bateu e quebrou minhas costas." A recuperação foi na Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), entidade que ajuda vítimas que sofreram traumas medulares. No primeiro semestre deste ano, 27 das 107 pessoas atendidas com esse problema estavam sobre uma moto quando se tornaram paralíticas. Número proporcionalmente maior do que os 36 atendimentos do ano passado. "Quando vejo um menino paraplégico, dá vontade de puxar a orelha dele", diz o presidente da AACD, Eduardo de Almeida Carneiro. "É uma pena ver esses casos, que poderiam ter sido evitados com prudência." No Centro de Defesa Vítimas de Trânsito, ONG criada para atender vítimas de acidentes, chegam casos menos graves. Como o do motoboy Leonardo Viana, de 20 anos, que fazia sua primeira sessão de fisioterapia na sexta-feira. Há um mês, ele bateu de frente num carro e quebrou os dois fêmures. Colocou platina nos ossos e vai passar pelo menos seis meses em recuperação. "95% das vítimas são motociclistas", diz o fisioterapeuta Rodrigo Jordão. No local, os pacientes recebem apoio psicológico. "Depois do acidente, muitos ficam traumatizados e se recusam a voltar a dirigir uma moto", diz o psicólogo Uildom Calixto. Caso de Viana. "Vou procurar outro serviço."

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