O candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, disse nesta segunda-feira acreditar que conseguirá chegar ao segundo turno das eleições. Durante entrevista de aproximadamente uma hora, concedida nesta manhã, à Rádio Capital AM, o ex-governador paulista voltou a minimizar os resultados das pesquisas de intenção de voto e a chamar o candidato do PT de arrogante. Apesar das pesquisas apontarem vitória de seu adversário, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no primeiro turno , Alckmin enfatizou que, com o início do horário eleitoral gratuito em rádio e TV, a situação deverá ser modificada favoravelmente aos tucanos. "Nós estamos confiantes que vamos para o segundo turno e, no segundo turno, teremos um bom resultado", afirmou o candidato do PSDB, frisando que a rejeição poderá ser decisiva em uma eventual segunda etapa. "Hoje, praticamente mais um ou dois pontinhos, já tem segundo turno", avaliou. "Tem que ter um certo cuidado com esta questão de pesquisa eleitoral. O que vale é a eleição e eu noto que vai (a candidatura) crescer. Eu não tenho dúvida que vai crescer", complementou, citando como exemplo eleições passadas em que candidatos, antes da votação apontados como favoritos, foram derrotados após a apuração final. De acordo com Alckmin, a pesquisa traz como ingrediente a lembrança de disputas anteriores, o que favorece Lula, em nível nacional, já que, enquanto o ex-governador disputa neste ano a primeira eleição para a Presidência, Lula vem participando deste tipo de pleito desde 1989, quando foi derrotado por Fernando Collor de Mello. "Pesquisa, antes do processo eleitoral, retrata mais o chamado recall, ou seja, a lembrança das últimas eleições", opinou. "Não pode comparar quem é conhecido no Brasil inteiro por todo mundo com quem é conhecido pela metade da população", acrescentou. Mesmo negando que sua campanha teria iniciado ataques ao adversário petista, conforme noticiou a imprensa neste domingo, o ex-governador de São Paulo voltou a chamar Lula de "arrogante". "O presidente anda meio arrogante", disse, em referência ao fato de Lula ter afirmado que ganharia a eleição em primeiro turno. "O meu adversário está de salto número 15. Eu vou com as sandálias da humildade", acrescentou. "Exterminador do emprego" Geraldo Alckmin chamou Lula de "exterminador do emprego". "Lula está virando exterminador de emprego", afirmou, argumentando que a atual política de juros, impostos e câmbio do governo vai na contramão de um modelo que tem como meta a geração de emprego. Ao falar com jornalistas, depois da entrevista na rádio, o candidato rebateu a afirmação de Lula de que os tucanos "vomitam preconceito". Apesar de insistir que fará uma campanha propositiva, não se conteve. Disse que seu adversário anda "bravo, injusto" e anotou que campanha preconceituosa quem tem feito é o petista. "O presidente anda bravo, inclusive injusto, dizendo que os tucanos, acho que se referindo ao Serra (José Serra, candidato ao governo de São Paulo pelo PSDB), vomitam preconceito. É uma coisa totalmente injusta", afirmou Alckmin. O ex-governador paulista saiu em defesa de Serra, lembrando que o ex-prefeito de São Paulo "é filho de imigrante e não tem preconceito nenhum". "É menino do Brás (na verdade Serra nasceu na Mooca), filho de verdureiro. Uma pessoa simples", comentou sobre seu colega de partido. Alckmin disse ainda que Lula tem feito "campanha totalmente preconceituosa, utilizando uma frase colocada na TV (em entrevista ao SPTV Serra atribuiu à migração as notas baixas do Saeb) para tentar ganhar voto, tirar proveito". Críticas ao governo Alckmin criticou o governo federal, dizendo que não agiu de maneira correta quando a Bolívia decidiu, em maio, nacionalizar as reservas de gás e petróleo. Segundo Alckmin, o governo foi "dúbio e submisso", o que fez com que o episódio fosse muito ruim para o Brasil, que fez altos investimentos em solo boliviano, por meio da Petrobras. "O governo brasileiro foi dúbio, foi submisso e tinha que ter sido duro, exigindo que os contratos fossem respeitados", disse. Durante a entrevista à rádio, o ex-governador paulista também criticou o que chamou de "ingerência política" do Executivo nas agências reguladoras brasileiras e o veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao reajuste de 16,6% para os aposentados, que o Congresso embutiu na medida provisória de reajuste do salário mínimo. O candidato tucano disse que faria "o possível" para conceder este aumento e destacou que, se as finanças da Previdência forem recuperadas, inclusive com a atração de mais trabalhadores para o emprego formal, haverá mais dinheiro para os aposentados. Promessas Alckmin prometeu que, se eleito, reduzirá os juros e os impostos, criará mais empregos e investirá mais em estradas e portos, o que fará com que a indústria nacional seja mais competitiva. Segundo ele, o atual quadro econômico nacional, com "juros e impostos altos", além do real valorizado, teria provocado uma invasão de produtos chineses no País e o aumento do desemprego em diversos setores. "É crise na indústria de sapatos, crise na indústria têxtil e os produtos chineses invadindo aqui", observou. Entre as idéias apresentadas para a redução de impostos, o presidenciável tucano citou a que reduz os tributos dos componentes que fazem parte dos itens de fabricação de ônibus, como peças e pneus. De acordo com ele, isso reduziria a carga tributária sobre a passagem dos ônibus e beneficiaria os usuários do meio de transporte. Questionado sobre a segurança, área em que recebe as maiores críticas quanto ao seu governo no Estado de São Paulo, Alckmin prometeu que, caso eleito, resolverá os problemas de segurança por meio de medidas, como a fiscalização de fronteiras, para evitar o contrabando de armas e o tráfico de drogas; combate à lavagem de dinheiro; luta para modificar a legislação penal, considerada por ele "muito dura" com os crimes menores e "fraquinha" com o crime organizado; aumento de liberação de recursos para a segurança; e integração de inteligência e banco de dados de todas as policias estaduais. Esta matéria foi atualizada às 12h55