Alckmin pede barreira contra novos partidos

Após ver seu vice, Guilherme Afif, aderir ao novo PSD, governador critica criação de siglas

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Por Daiene Cardoso
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AGÊNCIA ESTADOO governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), defendeu ontem a realização de uma reforma política que enfoque a fidelidade partidária, o voto distrital e a cláusula de barreira. Questionado sobre a criação do PSD pelo prefeito Gilberto Kassab, Alckmin disse, em entrevista à rádio Estadão ESPN, que o País tem 30 partidos, mas não "30 ideologias". "É preciso ter cláusula de barreira, que se estabeleça um número menor de partidos e fidelidade partidária."O tucano evitou criticar a movimentação de seu vice, Guilherme Afif Domingos, que anunciou sua saída do DEM para integrar o PSD. "A legislação hoje permite", limitou-se a dizer. No entanto, Alckmin insinuou que a criação de uma legenda não contribuiu com o fortalecimento do sistema político. "Precisamos ter menos partidos, e partidos mais programáticos."Nos bastidores, o grupo de tucanos ligados a Alckmin está insatisfeito com a decisão de Afif. Segundo eles, a vaga de vice havia sido oferecida ao DEM, não a um novo partido.Com o PSD, Kassab tenta criar uma alternativa para disputar o Palácio dos Bandeirantes contra o próprio Alckmin. Por isso, uma eventual fusão do PSD com outra sigla mais forte, como o PSB, por exemplo, pode complicar os planos do governador.Desde 2002, quando Claudio Lembo foi vice na chapa de Alckmin ao Bandeirantes, o DEM vem atuando como linha auxiliar do PSDB paulista.Sem citar nomes, Alckmin declarou que a adoção da votação distrital impediria, por exemplo, que envolvidos no mensalão do governo do PT (em 2005) tivessem sido reeleitos. "Reelegeram-se porque foram buscar voto no Estado inteiro. Se o voto fosse distrital, ninguém se reelegeria", afirmou. De acordo com o governador, o voto por distrito aproxima o parlamentar do eleitor e barateia a campanha. "Hoje, elege-se quem está na mídia."Dilma e a oposição. Sobre o papel da oposição na esfera federal, Alckmin respondeu às críticas de que o PSDB apresenta um desempenho apático. "Não fazemos oposição de forma raivosa, como o PT fazia com o Fernando Henrique. É uma oposição madura, não é uma oposição eleitoreira", afirmou. "Mas não é fácil fazer oposição no Brasil", admitiu.O governador evitou críticas à presidente Dilma Rousseff. "Ela começou bem-intencionada, corrigindo temas na política externa que precisavam ser corrigidos", disse. "Quem tem de avaliar são os eleitores. Ela tem de ser avaliada no fim do mandato."Voto em listaA comissão especial da reforma política no Senado aprovou, por 9 votos a 7, a adoção do voto proporcional com lista partidária fechada na eleição. O relatório final da reforma será concluído em abril.

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