Alckmin promete pacote anticorrupção

Em entrevista às emissoras de rádio da rede Bandeirantes, o candidato tucano também lembrou que dos 72 parlamentares acusados na CPI, 63 são da base aliada do governo

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Por Agencia Estado
Atualização:

O candidato da coligação PSDB-PFL à Presidência da República, Geraldo Alckmin, afirmou nesta sexta-feira que vai apresentar nos próximos dias um pacote anticorrupção. A promessa foi feita em entrevista concedida às emissoras de rádio da rede Bandeirantes. Segundo ele, entre as medidas que farão parte desse plano, estão as mudanças na legislação, nas relações do executivo com o Congresso e o instrumento de pregão (ou compras) eletrônicas já adotado pela sua administração em São Paulo. "Cabe a nós (candidatos) transformar o desencanto da população (com a onda de corrupção e escândalos) em um mutirão cívico", disse ele, justificando a decisão de apresentar o pacote anticorrupção como uma das bandeiras de sua campanha ao Palácio do Planalto. Ao falar sobre o tema, Alckmin criticou o PT, partido de seu maior adversário neste pleito, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, destacando que eles (petistas) querem dizer que todos são iguais. "Não somos todos iguais não", refutou, lembrando que dos 72 parlamentares acusados de envolvimento no escândalo das sanguessugas, 63 são da base aliada do governo do Lula. Pesquisas Alckmin disse que não está preocupado com a queda que vem registrando nas mais recentes pesquisas de intenção de voto, aliada ao crescimento de Lula. "Se é uma coisa que não me preocupo, é com pesquisas", considerou. O tucano voltou a dizer que o eleitor ainda não está sintonizado com o pleito deste ano e que isso só vai acontecer após o início dos debates e do início do horário gratuito no rádio e na televisão, na próxima terça-feira (dia 15). Questionado sobre o crescimento da candidata do PSOL à Presidência, senadora Heloísa Helena, disse apenas: "Acho bom que a Heloísa Helena cresça", e voltou a falar na confiança de que o eleitor levará as eleições para o segundo turno. "Minha tarefa é ir para o segundo turno e eu acho que esta é a tendência do eleitor." Nordeste Nos programas de rádio e televisão do horário gratuito, Alckmin acredita que haverá uma "equalização nas diferenças apontadas atualmente nas pesquisas de intenção de voto e uma diminuição nas diferenças regionais". Segundo ele, o presidente Lula deverá perder pontos no Nordeste. Indagado sobre a estratégia de sua campanha para reduzir a vantagem de Lula na corrida presidencial, Alckmin disse que vai focar nas propostas. "Nossa campanha é propositiva e a hora em que a informação chegar ao eleitor, o quadro vai mudar". Para ele, sua campanha apresentou "o melhor projeto de desenvolvimento para o Nordeste", incluindo todas as áreas, inclusive a social. Crise na segurança O candidato da coligação PSDB-PFL disse que a crise da segurança que atinge o Estado de São Paulo (proveniente dos ataques em série do PCC) é um problema que ocorre em todas as grandes cidades do País. "Estou rodando o País inteiro e a primeira coisa que vejo nos jornais é o desastre da segurança. E se é um problema nacional, é um problema do presidente da República". Se for eleito em outubro, Alckmin garante que dará prioridade a esse setor. "Este é um problema nacional, todas as grandes cidades brasileiras têm este grave problema. Eu não vou me omitir, vou liderar este trabalho, vou dizer que é uma tarefa minha e colocar dinheiro dos fundos de segurança e penitenciário". PCC Além de jogar a responsabilidade da questão para o governo do presidente Lula, Alckmin afirmou que na sua gestão no governo de São Paulo, "foi feito um grande trabalho nesta área". E citou a retirada de 90 mil criminosos das ruas, o fim do Carandiru, a criação da penitenciária de segurança máxima e do regime disciplinar diferenciado (RDD) e a ampliação do sistema penitenciário. "Só eu construí mais 70 unidades prisionais". E tentou justificar os ataques do PCC no Estado sob o argumento de que os líderes do crime organizado querem jogar a opinião pública contra o governo para deixar o regime diferenciado. "Temos de ser firmes e não retroceder para enfraquecer o crime organizado." E voltou a criticar o governo Lula. "Por trás disso está o tráfico de drogas e de armas e a lavagem de dinheiro. É obvio que é falta de polícia de fronteira, é óbvio. A atribuição de combate ao tráfico de drogas e de armas é do governo federal, das forças armadas e da Polícia Federal", complementou. O candidato evitou entrar na polêmica criada pelo secretário de Segurança Pública de São Paulo, Saulo de Castro, nomeado em sua gestão, que acusou o PT de estar vinculado ao PCC nesses ataques. Apesar disso, questionou qual seria a lógica dos bandidos em sair atirando, jogando bombas no Ministério Público e ateando fogo em ônibus: "A idéia do bandido é roubar e ter o maior benefício possível com o menor risco. Qual a lógica de sair dando tiro e jogar bomba no prédio do MP e por fogo em ônibus? Eles não ganham nada com isso. Por que estão fazendo isso? Não tem a menor lógica."

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