Alckmin quer combater apreciação do real com nova política fiscal

Em entrevista ao Estado, o ex-governador disse que o ajuste fiscal é uma medida essencial para permitir uma melhoria na política monetária

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Por Agencia Estado
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O candidato à presidência da República pela coligação PSDB-PFL, Geraldo Alckmin, disse ser um defensor do câmbio flutuante, porém administrado por uma política fiscal mais eficiente. Ao responder questionamento sobre quais medidas pretende adotar para combater a apreciação do real frente ao dólar, o ex-governador de São Paulo citou o ajuste fiscal como medida essencial para permitir uma política monetária melhor. Segundo ele, a diferença da nossa taxa de juros interna com as de fora tem levado a uma "enxurrada" de dólares, valorizando o real. O ex-governador também disse não concordar com as medidas que o atual governo adota, como a compra de dólares. "Está comprando US$ 5 bilhões por mês. Estão queimando dinheiro e não seguram o dólar". Ele listou os problemas gerados por essa valorização. "As indústrias estão indo embora, de roupa, sapato, brinquedos. No agronegócio, a soja é plantada aqui e esmagada na Argentina. Não dá para plantar com o dólar a R$ 2,40 e vender a R$ 2,10. A paisagem da indústria vai virar um deserto", disse, durante a sabatina no Grupo Estado. Previdência O déficit da Previdência enfrentado pelo INSS e pelo setor público (União, Estados e municípios) poderá ser combatido com a redução da informalidade do mercado de trabalho brasileiro, com combate à sonegação e regulamentação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que estipula tetos de benefícios aos servidores públicos. Esse conjunto de medidas foi defendido pelo candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin. "Metade da mão-de-obra economicamente ativa está na informalidade", sustentou o candidato, ao pregar a necessidade de o governo federal promover "desburocratização e redução de encargos" para expandir a massa de trabalhadores formais no País. Alckmin considera que o INSS tem um papel importante de distribuição de renda no País e que o benefício médio pago pelo órgão é de dois salários mínimos. Ao reforçar que entende ser necessária a manutenção da dotação orçamentária da União para o pagamento dos benefícios, o tucano acrescentou que o combate à sonegação seria uma componente essencial para o equilíbrio das contas previdenciárias. "O Brasil tem que crescer mais. Não podemos nos conformar com crescimento de 2%, 3%", disse, ao dizer que o desenvolvimento econômico permitirá ao País pagar salários e benefícios maiores. Para combater o déficit previdenciário no setor público, Alckmin sugeriu a regulamentação da PEC da Previdência do Setor Público. "A nova PEC não foi regulamentada. Se o servidor quiser se aposentar com salário de R$ 20 mil, o Estado arcará apenas com uma parte e o restante ele terá de receber de fundo complementar, pagando a contrapartida", argumentou, indicando intenção de criar esses fundos complementares para os servidores. Autonomia do BC O candidato do PSDB afirmou que é favorável à autonomia do Banco Central. Durante sabatina aos presidenciáveis ele manifestou apoio a esta iniciativa, defendida pelo mercado financeiro, mas ressaltou que esta não é uma questão central, já que vê a questão fiscal com uma importância maior. "Sou favorável, mas essa não é, para mim, uma questão central. Veja que já tem uma autonomia, informal, mas já tem. Para mim a questão central é a questão fiscal", observou o ex-governador de São Paulo. "Eu vejo que nós temos três problemas graves: problema de tributos, quase o dobro de nossos pares - México, Argentina e Venezuela; juros, os maiores do mundo; e problemas de infra-estrutura logística, de competitividade, com vários gargalos, sendo que, um desses gargalos, é a questão fiscal", explicou. Meta de cortes O candidato Geraldo Alckmin evitou assumir compromissos sobre o montante de cortes promoveria nos gastos públicos e na carga tributária caso seja eleito no pleito de outubro. "Essa coisa de numerologia não tem sentido. O Lula prometeu na campanha passada 10 milhões de emprego e ficou aquela disputa entre os candidatos, de sete, oito milhões de empregos", disse o candidato em sabatina promovida pelo Grupo Estado. "(Mário) Covas não disse vou cortar R$ 1 bilhão ou R$ 100 milhões. Pegou o governo de São Paulo com déficit de 25% ao ano e foi reduzindo, até chegar 5% e depois zerar", complementou. Ele insistiu que o objetivo de uma eventual administração tucana será de diminuir, "e se possível zerar", o déficit nominal do País. Assim, garantiu o tucano, haverá espaço nas contas públicas para a promoção de cortes na carga tributária. "Vou dar um exemplo: com compras eletrônicas, cortei R$ 4 bilhões no Estado", citou, ao acrescentar que no governo federal há espaço para cortes maiores e, principalmente, no combate à corrupção. Alckmin foi o primeiro dos quatro primeiros colocados nas pesquisas de intenção de voto para a disputa presidencial que serão sabatinados nos próximos dias no Grupo Estado.

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