Alckmin se irrita com pergunta sobre vestidos de sua mulher

Em entrevista à rádio CBN, candidato falou também de suas propostas de governo e fez críticas à gestão de Lula

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O candidato da coligação PSDB-PFL à Presidência da República, Geraldo Alckmin, se irritou com as perguntas dos ouvintes da rádio CBN sobre sua mulher, Lu Alckmin, que teria recebido 400 vestidos como presente de um estilista. "Todos os argumentos dos petistas vieram aqui para esse debate. O PT inteiro aqui", provocou. "Sou mais pobre que o Lula. Meu patrimônio é menor que o dele. Minha mulher nunca foi funcionária pública, nunca foi nomeada e sempre trabalhou como voluntária. Não foram 400 vestidos, é mais uma mentira da Mentirobrás do PT. Alguns vestidos que recebeu, admitiu publicamente, doou para entidades depois de usar, qual o prejuízo para o governo? Zero. Muito diferente do PT, que foi roubo de dinheiro público", acusou. Alckmin prometeu fazer uma reforma tributária com a redução de impostos. Ele citou especificamente a CPMF, que incide em cascata. "Ela deveria ter uma alíquota muito menor, mais para controle e fiscalização do que arrecadação" disse. O candidato admitiu, entretanto, que o governo não pode abrir mão do montante da CPMF, de R$ 30 bilhões, em 24 horas. "Vou reduzir imposto. Qual imposto? Vamos verificar na reforma tributária. O ideal será reduzir a CPMF, porque é um imposto em cascata, não é de valor agregado", afirmou. Sobre o ICMS, negou que São Paulo tenha entrado na guerra fiscal e prometeu que defenderá a Zona Franca de Manaus. "São Paulo não tem como entrar na guerra fiscal e nem tem como entrar. Tem muito boato de que vamos acabar com a Zona Franca de Manaus. Vou fortalecer o parque industrial de Manaus." Disse que, em janeiro, mandará duas reformas para o Congresso. A tributária fará a unificação do ICMS em lei federal e cinco alíquotas. A reforma política, por sua vez, regulamentará a fidelidade partidária e o voto distrital. Críticas e ressalvas. Alckmin disse que o governo errou ao reconhecer a China como economia de mercado. "Sofremos uma invasão de produtos chineses que acabaram tirando o emprego de nossos trabalhadores, exatamente na manufatura", afirmou. O tucano disse que investirá em acordos bilaterais e setoriais e criticou a política externa do governo Lula. "Não vou colocar partidarização na política externa", afirmou. Ao falar sobre os bingos, Alckmin disse que a situação precisa ser regulamentada. "Do jeito que está é suborno e mais corrupção, dinheiro sujo. Deve ficar dentro da lei, não nessa zona cinzenta que é hoje", disse. Alckmin negou ter deixado um rombo no governo de São Paulo e citou a readequação da dívida do Estado. "São Paulo está com todas as contas em dia e fechará o ano com déficit público zero", disse. Ele citou que a relação da dívida de São Paulo com a receita corrente líquida está em 1,97. Alckmin negou ser membro da Opus Dei. "Não sou e respeito quem participa, porque eu respeito as pessoas que têm religião, independentemente da religião que é", limitou-se a dizer. O candidato disse ser contra a legalização do aborto. "Sou contra. Defendo o planejamento familiar. Devemos evitar a gravidez indesejada, fazer a educação sexual e disponibilizar métodos contraceptivos", opinou. Confusão O tucano fez confusão ao ser questionado sobre o que pensava sobre as pesquisas com células-tronco. Em primeiro lugar, disse não ser correto criar embriões para serem usados em pesquisa. "Sou favorável aos avanços da ciência. Não vejo sentido fazer embrião para pesquisa", disse. Depois, ao ser informado de que as pesquisas usam embriões que seriam descartados pelos laboratórios, disse ser a favor. "Pode, sou favorável." Um dos ouvintes perguntou também como Alckmin conseguiu conciliar a profissão de médico e os cargos públicos que exerceu desde os 19 anos de idade. O candidato respondeu que se formou em 1977, se especializou em anestesiologia, trabalhou em um hospital de São Paulo e participou de 1.680 cirurgias num hospital de Pindamonhangaba. Disse que deixou de exercer a medicina em seu segundo mandato como deputado federal. Alckmin prometeu garantir medicamentos gratuitos para a população, investir em fábricas de medicamentos genéricos e em mutirões de saúde.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.