Alckmin vê a Amazônia de uma janela da Avenida Paulista, diz Lula em Manaus

O presidente aconselhou seu adversário a fazer uma Caravana da Cidadania para conhecer ´a alma desse País´

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Por Agencia Estado
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O presidente e candidato à reeleição, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em discurso de 32 minutos na tarde desta terça-feira, em Manaus, centrou suas críticas nos tucanos paulistas. Segundo ele, o povo do Amazonas, que lhe deu 78% dos votos válidos no primeiro turno, não pode "dar votos a quem vê a Amazônia de uma janela da Avenida Paulista", afirmou em referência ao adversário tucano, Geraldo Alckmin. "Eu sou pernambucano e devo tudo a São Paulo, mas um paulista com a Avenida Paulista na cabeça nunca saberá governar esse País. Ele que faça uma Caravana da Cidadania para conhecer a alma desse País. Ele tem de conhecer esse País, a cabeça e o coração desse povo", completou. Para o presidente, muita gente do Sul e Sudeste "olha para a Amazônia como uma grande tribo de sobreviventes de algum massacre". Lula também aproveitou a oportunidade para fazer críticas a políticos da região. "Se o líder do PSDB no senado, Arthur Virgílio (AM) trabalhasse mais, como o governador (reeleito do Amazonas) Eduardo Braga (PMDB) e o senador Gilberto Mestrinho (PMDB-AM), ele não teria tempo de ficar com críticas ou xingamentos", disse Lula. TV Digital Quase no fim do discurso de Lula, o governador Eduardo Braga, que o assistia em uma cadeira de rodas por causa da perna engessada depois de acidente durante sua campanha, lembrou o presidente que falasse sobre a virtual prioridade às empresas da Zona Franca de Manaus na produção de semicondutores e do sistema de conversão analógico para digital. "Cada vez que tem investimento nesse País começam a brigar. Foi assim para construir uma refinaria: o Espírito Santo, o Rio e Pernambuco queriam. Daí Pernambuco conseguiu parceira, de Hugo Chaves (presidente da Venezuela). Por isso, procurem parceria. Manaus não sofrerá um milímetro sequer nas coisas que já produz aqui nesse Estado", afirmou o presidente, sem deixar claro se a produção será da Zona Franca, mas também será liberada para Minas Gerais, onde a demanda é explicitada pelo ministro das Comunicações Hélio Costa. "Só digo que quem decide sobre essa coisa (TV Digital) sou eu", disse Lula. Para o presidente do Centro das Indústrias do Estado do Amazonas (Cieam) Maurício Loureiro, que junto com outras cinco entidades entregou um documento a Lula com reivindicações do empresariado local, o presidente Lula "não está bem informado sobre o assunto (alvo de uma Medida Provisória em gestação na Casa Civil)". "Em minha humilde opinião não fabricaremos sob hipótese alguma semicondutores no Brasil, mesmo com todos os incentivos fiscais e tributários que a MP que tratará deste assunto puder conceder de benefícios. Tanto assim, que o esboço da MP não trata distintamente a questão de semicondutores e o sistema de conversão analógico para digital, e sim, o faz na mesma MP. Isto prova, a meu ver, que há malevolências, ou má intenção da burocracia brasileira para com o candidato e presidente Lula, ou diretamente contra a Zona Franca de Manaus", afirmou Loureiro. No fim do discurso, ao ser abordado sobre a posição não clara do presidente em relação ao assunto, o ministro das Relações Institucionais Tarso Genro afirmou que "tudo o que tinha havia para falar sobre o assunto TV Digital já havia sido falado pelo presidente Lula no discurso". Apoio PDT Lula disse ter considerado "sábia" a decisão do PDT de permanecer neutro e liberar seus militantes no segundo turno da eleição presidencial. Em uma rápida entrevista em seu hotel, antes de deixar Belém, em direção a Manaus (AM), Lula afirmou que é "muito difícil o partido ter controle dos votos dos eleitores". "Estamos chegando na reta final da campanha. Eu acho que o povo já conhece sobejamente os dois candidatos e os dois projetos que estão em disputa e eu acho que o povo vai maturando no sentido de fazer sua escolha", afirmou. Lula lembrou que o PT já esteve nessa situação algumas vezes e considerou melhor liberar seus militantes do que pregar o voto nulo ou branco. A decisão do PDT pela neutralidade, tomada na última segunda-feira, beneficia o presidente, já que a tendência maior do partido, em caso de apoio declarado, era optar pelo tucano Geraldo Alckmin. Este texto foi alterado às 18h28 para acréscimo de informação.

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