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Alda nega política higienista para moradores de rua

Vice-prefeita e secretária prestou esclarecimentos à Câmara de SP

Por Diego Zanchetta
Atualização:

Acusada por entidades de "varrer" os moradores de rua do centro histórico de São Paulo, a vice-prefeita e secretária municipal de Assistência Social, Alda Marco Antonio, negou ontem ser higienista e voltou a defender a desocupação de mais de 3 mil albergados que já teriam condições de deixar as vagas. Ao lado do antecessor, o vereador Floriano Pesaro (PSDB), a secretária afirmou ontem, em audiência na Câmara Municipal, que havia um buraco entre o atendimento ao morador de rua e o albergue. Cerca de 300 pessoas, a maior parte integrantes da Pastoral do Povo da Rua, foram à Câmara. Em um discurso de 42 minutos, a vice-prefeita chegou a se emocionar ao falar de crianças que sofrem maus tratos. Também declarou que um novo censo sobre a população de rua, encomendado à Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas e previsto para ficar pronto em setembro, vai nortear as políticas. "É um absurdo que o último dado disponível sobre a população de rua seja de 2000. E o que percebemos hoje é que existe um claro na abordagem ao morador. Só o fato de ele ter que preencher documentos antes já o afasta do nosso atendimento", afirmou. "Não aceito esse termo higienista para o tratamento ao morador de rua, até porque ele é um cidadão pleno." Alda disse que vai prosseguir o desligamento de albergados, mas sem prazo para desocupação. "Ganhamos agora da Secretaria da Habitação 200 bolsas aluguel (R$ 500 mensais) para conceder a albergados." O discurso emotivo e as promessas não livraram a vice-prefeita de críticas. O padre Júlio Lancelotti afirmou que estão varrendo os moradores do centro e acusou a Guarda Civil Metropolitana de truculência. Ao final de sua fala, o padre declarou "um voto de confiança" à secretária. Outros representantes de entidades criticaram a falta de vaga e o fechamento de albergues. Questionado sobre o "claro" no atendimento ao morador de rua, Pesaro, secretário de Assistência Social entre 2005 e 2008, afirmou não ver diferenças entre as gestões. "As equipes são as mesmas. O que vem acontecendo agora é parte de um planejamento que começou na minha gestão, como o fechamento de albergues em viadutos." José Américo (PT) disse que vai fazer representação no Ministério Público contra Alda. "Ela não tem embasamento algum para desalojar 3 mil albergados."

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