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Alencar atribui ataques do PCC a desemprego

Segundo o vice-presidente, a falta de empregos transforma os jovens em "presa fácil" para o crime

Por Agencia Estado
Atualização:

O vice-presidente da República, José Alencar, disse nesta sexta-feira, 19, que a onda de atentados atribuídos ao Primeiro Comando da Capital (PCC) em São Paulo tem origem na economia, como resultado da falta de emprego para a juventude brasileira, que, neste caso, se torna uma "presa fácil" do crime. "A economia é base para tudo. A economia não é um fim, mas nós precisamos de uma economia próspera, forte, independente, para que se alcancem os objetivos sociais", observou Alencar. Ele disse que o governo tem "feito alguma coisa nesse sentido", mas admitiu que a geração de postos de trabalho na gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda é insuficiente para mudar este quadro. "Nesses três anos e meio de governo nós geramos quase cinco milhões de empregos, empregos de carteira assinada. Mas é pouco. Nós precisamos gerar mais." Para Alencar, o desemprego "retira do jovem condições de se realizar". "Então ele fica presa fácil dessas aventuras, ainda jovem, até menor. Então nós temos de corrigir isso." E aproveitou para disparar contra seu alvo predileto: as altas taxas de juros praticadas no País. Ele, no entanto, ponderou que, a partir do próximo, num eventual segundo mandato de Lula, a economia nacional apresentará um crescimento mais vigoroso. "Podem estar certos de que o novo tempo é de crescimento. E o presidente está absolutamente consciente disso. O Brasil inteiro vai se surpreender", disse Alencar, que trabalha para repetir a dobradinha com o presidente na sua virtual candidatura à reeleição. Polícia O vice-presidente, que ocupou o Ministério da Defesa, elogiou a Polícia Militar de São Paulo - "quase tão eficiente quanto a Polícia Militar de Minas" - e disse que na sua opinião o governo paulista não recusou ajuda do governo federal. Ele argumentou que o Ministério da Justiça e a inteligência da Polícia Federal estão colaborando com as autoridades de São Paulo. "Não posso admitir que seja defeito da polícia. É um problema que nós estamos vivendo. Eu acho que o crime também advém da dificuldade que há para ocupar todas as pessoas em atividades produtivas. O problema social advém também do desemprego", insistiu Alencar, ao participar, em Belo Horizonte, de um ato político que marcou o início de uma consulta popular para a escolha do candidato do PT ao governo de Minas. Ele também condenou qualquer contaminação político-eleitoral da discussão envolvendo o problema na segurança pública em São Paulo. Conforme Alencar, não há uma "cultura" no País de enfrentamento do crime organizado, que preocupa a "família brasileira". "O crime é um crime inteligente, não é um crime burro. Então tem que haver também um trabalho muito sério para combatê-lo", disse. "O que não pode é fazer política eleitoral disso. Tem que haver respeito, porque a sociedade está contra isso". Forças federais Presente ao ato, o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Luiz Dulci, também pregou um "esforço de todos, suprapartidário", para a resolução da crise. E salientou que o envio de forças federais para São Paulo é uma oferta que ainda "está de pé". "O governo de São Paulo, por razões que cabe a ele esclarecer - e que nós respeitamos -, considerou que não era o caso. A oferta do governo federal está de pé. Nós não julgamos a decisão do governo paulista e continuamos a disposição para contribuir na solução desse assunto. Não vamos tratar como questão eleitoral e nem sequer como questão política", afirmou Dulci.

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