Antigo aliado da família Sarney, Francisco Luiz Escórcio Lima, mais conhecido como Chiquinho Escórcio, tem uma das campanhas mais ricas do Maranhão na briga por uma vaga pelo PMDB para a Câmara dos Deputados.Segundo dados da página do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Chiquinho recebeu R$ 665 mil, até 3 de setembro. Valor bem superior aos R$ 105.050 declarados pela campanha do candidato ao governo do Maranhão, Jackson Lago, do PDT. A atuação de Chiquinho Escórcio na cassação do mandato de Lago foi considerada essencial pelo clã dos Sarney. Em 2008, ele recolheu provas que acabaram levando à cassação de Lago, em abril de 2009. Foi assim que o assessor do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), cacifou-se para ganhar a vaga de candidato preferencial do partido a uma cadeira na Câmara. Com direito a usar até o número 1515, favorito entre os candidatos por ser de fácil memorização."Foi um reconhecimento pelo papel que ele teve na cassação de Lago", resume o deputado Ribamar Alves (PSB-MA). Meses depois de ter assumido o governo do Maranhão, em 2009, Roseana Sarney nomeou Chiquinho representante de seu governo em Brasília. Mas o peemedebista já era nacionalmente conhecido antes de sua atuação no episódio que levou à cassação de Lago.Espionagem. Na crise que derrubou Renan Calheiros (PMDB-AL) da presidência do Senado, em 2007, Chiquinho foi acusado de espionar os senadores Demóstenes Torres (DEM-GO) e Marconi Perillo (PSDB-GO), ferrenhos opositores de Renan. Demóstenes chegou a chamá-lo de "destrambelhado".Ao registrar sua candidatura, em julho último, Chiquinho Escórcio declarou ter patrimônio de R$ 26,8 milhões. Em 2006, quando tentou, sem sucesso, eleger-se também deputado federal, informava apenas R$ 2,4 milhões. Ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ele disse em julho ser dono de R$ 9,5 milhões em contas de uma empresa de construção; dois prédios na cidade satélite de Taguatinga, no Distrito Federal, no valor de R$ 3,65 milhões; um terreno em Brasília de R$ 1 milhão: um imóvel de R$ 10 milhões no Park Way, também em Brasília, uma casa e um apartamento no valor conjunto de R$ 1,75 milhão, carros, lotes, lanchas e R$ 270 mil em dinheiro vivo "debaixo do colchão".Ele alega que não houve crescimento significativo de seu patrimônio entre 2006 e 2010 e sim "na atualização nos valores" de seus bens. Segundo ele, a declaração de 2006 estava com valores históricos de bens. "Como empresário bem sucedido, nestas eleições de 2010, fui orientado por especialistas e fiz constar o mesmo patrimônio com valores atualizados", argumentou em carta à procuradora eleitoral Carolina da Hora Mesquita Honh. Além de uma dívida de gratidão com Escórcio, a família Sarney também investe em outros aliados para tentar minguar a oposição que enfrentam na Câmara. Dos 18 deputados federais, 11 são hoje ligados a oligarquia dos Sarney.A expectativa é conseguir eleger pelo menos mais dois de seu grupo. Um deles seria Luciano Fernandes Moreira, que declarou à Justiça Eleitoral ter recebido R$ 587 mil, no início de setembro. Sua candidatura estaria sendo insuflada principalmente pela governadora e candidata à reeleição, Roseana Sarney (PMDB). "Eles fazem isso para tentar tirar a gente da disputa e ficar sem oposição em Brasília", diz o deputado Domingos Dutra (PT-MA). Um dos mais ferrenhos adversários da família Sarney, o petista corre o risco de não conseguir se reeleger. "É um jogo pesado para tirar os deputados que são contra eles (Sarney)", afirma Ribamar Alves.