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Aliados de Serra têm 55,4% do PIB

Governadores que apoiam o candidato do PSDB venceram no primeiro turno em [br]sete Estados

Por Renato Cruz
Atualização:

Governadores aliados de José Serra (PSDB) venceram no primeiro turno em Estados que correspondem a 55,4% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Os aliados de Dilma Rousseff (PT) ficaram com 33,7%, enquanto governos que correspondem a 10,9% serão definidos no segundo turno."É surpreendente esse dado", afirmou Ernesto Lozardo, professor de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV) de São Paulo. "O PT ganhou em poucos Estados, e em Estados menos relevantes economicamente. Isso mostra que o prestígio é mais da pessoa do presidente que do partido."Foram determinantes nessa divisão as vitórias do PSDB em São Paulo e Minas Gerais, que respondem, respectivamente, por 33,9% e 9,1% da economia nacional. Os cálculos têm como base a divisão do PIB por Estados de 2007, a última divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).Os aliados de Serra foram vitoriosos em 7 Estados e os de Dilma, em 11. Em oito Estados e no Distrito Federal o resultado será definido somente no dia 31. Entre os maiores Estados que ficaram nas mãos de aliados da candidata Dilma estão o Rio de Janeiro, com 11,2% do PIB; o Rio Grande do Sul, com 6,7%; e a Bahia, com 4,1%.Segundo Lozardo, o resultado mostra que a política dos Estados difere muito da política federal. "As situações não estão mais se confundindo", disse o professor. "Os eleitores estão muito mais conscientes."A vitória de Geraldo Alckmin em São Paulo e de Antonio Anastasia em Minas Gerais mostraram a força da oposição em Estados do Sudeste, que têm forte peso econômico. Os aliados de Serra também venceram no Paraná, que tem 6,1% do PIB, e Santa Catarina, com 3,9%.Gestão. Os aliados de Dilma mostraram força na Região Norte, ganhando no Acre (0,2% do PIB) e no Amazonas (1,6%), e na Região Nordeste, levando no primeiro turno no Maranhão (1,2%), Ceará (1,9%), Pernambuco (2,3%), Sergipe (0,6%) e Bahia. As duas regiões são bastante beneficiadas pelos programas sociais do governo federal, como o Bolsa-Família.Mas, segundo Lozardo, essa não é a única explicação para o bom desempenho. Essas regiões têm apresentado um crescimento econômico acima da média do País, o que pode levar a uma avaliação melhor dos candidatos governistas. "O governo investiu muito em infraestrutura nessas regiões, e também ajudou a organizar melhor a gestão", explicou o professor."Nós da FGV prestamos muita assessoria para governos dessas regiões, que estão muito abertos a novas ideias", disse Lozardo. De acordo com ele, esses governos estavam mais desorganizados, e receberam incentivos até de organismos internacionais, como o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para melhorarem a gestão pública. Inimigo. O professor da FGV destacou que, pela primeira vez, não havia um "inimigo" definido para os candidatos à Presidência mirarem suas críticas. "Em eleições anteriores, os candidatos eram contra marajás, contra a inflação ou contra o Fundo Monetário Internacional (FMI)", disse Lozardo. "Dessa vez, o discurso era o compromisso de manter o que está funcionando."O professor destacou que todos quiseram se apresentar como bons gestores. "O momento é muito mais pragmático e menos dogmático", disse o economista. "A prioridade foi mostrar competência de gestão."Apesar de ter classificado as eleições de "bastante tranquilas", Lozardo lamentou que não tenha havido grandes debates de ideias ou propostas inovadoras. "O que não é bom para gente", afirmou. "Ninguém entra no dilema financeiro do Brasil, em uma estratégia para o País avançar como fez a China ou a Coreia do Sul."Para ele, a visão dos candidatos presidenciais é muito imediatista, é de não mexer no que está dando certo.Popularidade Ernesto Lozardo, PROFESSOR DE ECONOMIA DA FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS (FGV)"O PT ganhou em poucos Estados, e em Estados menos relevantes economicamente.Isso mostra que o prestígio é mais da pessoa do presidenteque do partido""O momento é muito mais pragmático e menos dogmático. A prioridade foi mostrar competência de gestão"

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