Alterada, mulher guia 5 km na contramão

PM barrou bancária no Corredor Norte-Sul; pai alega transtorno

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Por Andressa Zanandrea
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A bancária Fabíola Cutolo Silveira, de 27 anos, teve sorte. Na madrugada de ontem, dirigindo um veículo Polo na contramão, cruzou por pelo menos 20 carros e dois caminhões no Corredor Norte-Sul de São Paulo. Saiu ilesa e não provocou nenhum acidente. Com velocidade de 90 km/h e durante seis minutos, ela trafegou por cinco quilômetros em direção à zona sul pela pista que leva ao norte. A motorista apenas parou ao encontrar bloqueio de 18 viaturas da Polícia Militar, na Avenida Moreira Guimarães. Ao ser detida, ela agrediu um policial com uma mordida no braço. Não houve colisão no trajeto, mas alguns veículos subiram na guia e outros tiveram de desviar bruscamente, entre eles um caminhão-tanque. "Vi o pior. Por Deus, por sorte, ela não atingiu ninguém nem foi atingida", disse o cabo Roberto Patino, da 2ª Companhia do 12º Batalhão, que acompanhou o carro desde o Obelisco. Patino e um soldado estavam em patrulhamento e, no retorno do Obelisco, viram o Polo na contramão na Avenida Pedro Álvares Cabral. Os PMs pediram reforço e seguiram o carro, que continuou nas Avenidas Rubem Berta e Moreira Guimarães. Como o carro tem vidros escuros, pensaram em seqüestro relâmpago. Apesar da sirene, Fabíola não parou. Perto do Viaduto João Julião da Costa Aguiar e do Aeroporto de Congonhas, Fabíola foi detida. Só, então, os PMs constataram que não se tratava de seqüestro. Alterada, a mulher desceu e mordeu o braço esquerdo do cabo. "Tentamos conversar, ver se havia algum problema. Ela falava que via policiais mortos, que estava tentando ajudar, porque o Primeiro Comando da Capital (PCC) queria atacar", disse Patino. Fabíola foi imobilizada e algemada. No caminho para o Hospital São Paulo, na Vila Clementino, Fabíola chutou a viatura e gritou. No hospital, teve de ser agarrada por dez pessoas e amarrada. A bancária, que não havia ingerido bebida alcoólica, continuava internada até a noite de ontem. O hospital informou que ela chegou "em estado de agitação psicomotora", foi medicada e está em observação. O diagnóstico não foi divulgado. Os parentes de Fabíola não quiseram falar. O pai de Fabíola contou à polícia que ela sofre de transtorno bipolar - um distúrbio de variação extrema do humor. Há dois meses, a bancária teria parado de tomar um medicamento controlado. Ela já teria sido internada. O caso foi registrado no 36º Distrito Policial, do Paraíso, como direção perigosa e desobediência. Fabíola também vai ser multada por dirigir na contramão e pode perder a habilitação. Ela deverá fazer curso de reciclagem, exames e passar pelo Núcleo de Psicologia do Detran. IMPRUDÊNCIA No fim da noite de domingo, o motorista de uma Brasília, ocupada por uma mulher e uma criança, deu ré antes da entrada do Túnel Ayrton Senna, na Avenida 23 de Maio. Atrás, vinha um Golf, com um casal, e houve colisão. A mulher do motorista da Brasília fraturou a perna e os demais ocupantes tiveram ferimentos leves. Na quinta-feira à noite, a aposentada Lídia Vitielo seguia para o litoral pela Rodovia dos Imigrantes e, perto do pedágio, deu meia-volta para São Paulo também na contramão. Após nove quilômetros, foi detida numa barreira da PM, alegou não ter dinheiro para o pedágio e foi conduzida a um Centro de Atenção Psicossocial. COLABOROU FELIPE GRANDIN

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