Alternativas para a terceira pista de Cumbica

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Por Corrado Balduccini
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O Aeroporto Internacional de São Paulo, em Cumbica (Guarulhos), conta com duas pistas paralelas, uma de 3.700 metros e outra de 3.000, separadas por 350 metros e interligadas com várias pistas de taxiamento de aviões. Essa distância entre as duas pistas impede que operem simultaneamente: quando uma funciona, o movimento na outra fica paralisado. Por esse motivo, o aeroporto de Guarulhos tem praticamente apenas uma pista em operação. Na decolagem, as aeronaves, obedecendo a carta de aproximação visual, que todos os aeroportos possuem, devem obrigatoriamente arremeter à direita. Não podem arremeter à esquerda porque na trajetória estão as Serras da Cantareira e da Mantiqueira. Caso fosse construída uma terceira pista de, no máximo, 1.800 metros, mesmo que a uma distância que permitisse operação simultânea com uma das duas outras pistas existentes, os aviões seriam obrigados a arremeter à direita e continuariam sob risco de colidir no ar com as aeronaves decolando das pistas existentes. Em reuniões na Câmara Municipal de Guarulhos e em Brasília, engenheiros de comprovada experiência no setor aeroportuário propuseram uma alternativa simples e barata, demonstrando que a terceira pista e o terceiro terminal não ajudariam em nada a eficiência do aeroporto. Serviriam somente para aumentar geometricamente os custos de construção, de operação e social. A alternativa apresentada e, evidentemente, a ser objeto de estudo detalhado, em síntese, seria: - Não construir, por enquanto, o terceiro terminal de passageiros e sua estrutura viária; - Não trabalhar as áreas próximas ao futuro terceiro terminal, com a retirada de toneladas de solo mole; - Não construir a terceira pista nem implementar as caríssimas obras complementares naquele tipo de solo; - Aproveitar a pista de 3.700 metros exclusivamente para pousos e decolagens com destinos e procedências intercontinentais (vôos de máxima autonomia), utilizando o apoio dos dois terminais existentes; - Não aproveitar operacionalmente nenhuma das pistas de taxiamento entre as duas principais existentes; - Aproveitar a pista menor de 3.000 metros exclusivamente para pousos e decolagens domésticos e até o limite de 8.000 quilômetros ou 9.000 quilômetros - o que atingiria a América Latina e destinos até Miami; - Construir um novo terminal de dimensões bem mais modestas do que as do terceiro terminal-shopping em projeto, adequado apenas ao apoio da pista de 3.000 metros. Este novo TPS poderá ser localizado em uma parcela de terreno a ser cedida (e compensada) pela base aérea. Essa nova construção poderá ser executada em estruturas metálicas de rápida montagem e com área bem menor do que a área prevista para o monumental shopping-terminal; - Essa alternativa permitiria operar alternadamente as duas pistas com menor tempo de espera, por causa da ausência de pistas de taxiamento. A proposta alternativa tem diversas vantagens. Vai permitir que os custos das obras civis do novo e mais modesto terminal e dos acessos sejam extremamente reduzidos. O custo social, quando se dispensa a remoção dos moradores do entorno, seria praticamente zero. Os custos operacionais também serão menores do que os custos com a terceira e inútil pista de 1.800 metros. Essa medida permitirá ainda a simplificação do sistema de controle de vôo. A solução é de rápida execução e permitirá ainda às autoridades competentes ter bastante tempo à disposição para a definição de um novo aeroporto internacional em São Paulo, em um local a ser devidamente analisado. * Corrado Balduccini é consultor de projetos em aeroportos

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