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Alunos da USP fazem greve por falta de professor

Por Agencia Estado
Atualização:

Os alunos do curso de Letras da Universidade de São Paulo (USP) estão em greve pela falta de professores. As manifestações começaram na última terça-feira e, nesta quinta, praticamente todas as aulas do curso foram interrompidas porque os estudantes se recusaram a permanecer nas salas. "As classes estão superlotadas. Só na aula de latim, uma das disciplinas básicas, há mais de 190 alunos", diz a estudante Nizia Santana, de 17 anos. "Estou frustrada, nunca pensei que fosse encontrar uma situação assim na USP", completa a aluna do primeiro ano Fernanda da Silva, de 18 anos. Outro calouro, Reniê Robin, afirma que no primeiro mês de aula não havia professores para três disciplinas que ele precisava cursar. A greve foi decretada por tempo indeterminado. Com as mesmas reivindicações, alunos dos cursos de História, Ciências Sociais e Filosofia também paralisaram suas atividades nesta quinta, mas devem retornar às aulas nesta sexta. O diretor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), Francis Henrik Aubert, confirma as queixas dos alunos. "A situação da unidade é crônica há muito tempo, e o curso de Letras é o mais prejudicado." As turmas do primeiro ano do curso de japonês não começaram as aulas até hoje por falta de docentes. "Os professores que se aposentam não são repostos. Há dez anos, havia 22 docentes no meu departamento, hoje são 13", diz uma professora que não quis se identificar. A direção pediu recentemente à reitoria 105 novos professores em um período de três anos. "Assim poderíamos chegar perto do total de docentes que tínhamos em 1988, quando o número de alunos era inferior ao que temos agora." A reitoria autorizou na semana passada a contratação de 12 professores, mas eles só devem chegar à FFLCH no próximo ano, porque precisam passar por concurso público. "O nosso orçamento não permite mais que isso por enquanto", diz a pró-reitora de graduação da USP, Sonia Penin. Ela afirmou que não havia sido informada sobre a greve até o fim da tarde desta quinta. A FFLCH é a maior e mais antiga unidade da USP e tem hoje cerca de 13 mil alunos, de graduação e pós. Eles representam quase 20% dos alunos da universidade. Segundo o Anuário Estatístico da USP de 2001, há 335 professores na unidade, o que representa 7,2% do total de docentes da instituição.

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