
29 de agosto de 2011 | 00h00
"Isto é o destino, não deixaram ele completar sequer 50 anos", disse o pai, o jornalista Hélio Fernandes, de 90 anos, dono da Tribuna da Imprensa. Sobre a vocação do filho, ele acrescentou: "Filho de Hélio Fernandes e sobrinho de Millôr Fernandes, ele já nasceu jornalista".
Vários políticos - como o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB), os senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e Lindbergh Farias (PT-RJ), o ministro de Assuntos Estratégicos, Moreira Franco, e o ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco -, o antropólogo Roberto DaMatta, e as atrizes Marieta Severo e Sílvia Buarque, entre outras personalidades, estiveram no velório para se despedir do jornalista de humor fino, que será lembrado pela cordialidade e liderança com que comandava O Globo.
"Foi um dos melhores chefes que já tive, e tudo isso com a maior ternura, o maior rigor e com aquela elegância dele. Nos deixou a lição de que não é preciso soco na mesa para comandar uma redação", disse o jornalista Zuenir Ventura.
Amiga de Fernandes desde os 21 anos, a colunista Miriam Leitão lembrou a força do jornalista e a luta contra a doença, diagnosticada em 2009. "Ele não era um chefe, era um líder. Tinha uma paixão contagiante pelo jornalismo. E continuou trabalhando com a mesma doçura, fechando o jornal no fim só com o olhar."
Nos últimos meses, depois de ter perdido completamente os movimentos e a habilidade de falar, Fernandes se comunicava e editava a primeira página do jornal usando um programa de computador acionado com o movimento dos olhos. Era assim que escolhia a manchete do jornal e trocava e-mails com os colegas, mantendo a lucidez e o humor.
"Rodolfo era um exemplo de ética, de postura, uma pessoa queridíssima de todo mundo e que só deixa boas lembranças. Uma pessoa que soube cultivar amizades e fazer do jornalismo essa profissão séria, e a gente gosta que seja assim", disse o vice-presidente das Organizações Globo, José Roberto Marinho, acompanhado no velório pelo irmão João Roberto.
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