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Amigos, políticos e artistas se despedem de Fernandes

Por Sabrina Valle e RIO
Atualização:

Parentes, amigos, políticos, artistas, jornalistas e intelectuais despediram-se ontem, no Memorial do Carmo, no Caju, Rio de Janeiro, do jornalista Rodolfo Fernandes, diretor de redação de O Globo. Fernandes morreu anteontem, aos 49 anos, vítima de doença neurodegenerativa, a esclerose lateral amiotrófica. Querido por todos no jornal em que trabalhou por 22 anos, o velório contou com presença maciça de repórteres, editores e colunistas. "Isto é o destino, não deixaram ele completar sequer 50 anos", disse o pai, o jornalista Hélio Fernandes, de 90 anos, dono da Tribuna da Imprensa. Sobre a vocação do filho, ele acrescentou: "Filho de Hélio Fernandes e sobrinho de Millôr Fernandes, ele já nasceu jornalista". Vários políticos - como o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB), os senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e Lindbergh Farias (PT-RJ), o ministro de Assuntos Estratégicos, Moreira Franco, e o ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco -, o antropólogo Roberto DaMatta, e as atrizes Marieta Severo e Sílvia Buarque, entre outras personalidades, estiveram no velório para se despedir do jornalista de humor fino, que será lembrado pela cordialidade e liderança com que comandava O Globo. "Foi um dos melhores chefes que já tive, e tudo isso com a maior ternura, o maior rigor e com aquela elegância dele. Nos deixou a lição de que não é preciso soco na mesa para comandar uma redação", disse o jornalista Zuenir Ventura.Amiga de Fernandes desde os 21 anos, a colunista Miriam Leitão lembrou a força do jornalista e a luta contra a doença, diagnosticada em 2009. "Ele não era um chefe, era um líder. Tinha uma paixão contagiante pelo jornalismo. E continuou trabalhando com a mesma doçura, fechando o jornal no fim só com o olhar."Nos últimos meses, depois de ter perdido completamente os movimentos e a habilidade de falar, Fernandes se comunicava e editava a primeira página do jornal usando um programa de computador acionado com o movimento dos olhos. Era assim que escolhia a manchete do jornal e trocava e-mails com os colegas, mantendo a lucidez e o humor. "Rodolfo era um exemplo de ética, de postura, uma pessoa queridíssima de todo mundo e que só deixa boas lembranças. Uma pessoa que soube cultivar amizades e fazer do jornalismo essa profissão séria, e a gente gosta que seja assim", disse o vice-presidente das Organizações Globo, José Roberto Marinho, acompanhado no velório pelo irmão João Roberto.

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