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Análise: Ouvidos e olhos eletrônicos israelenses podem, sim, fazer a diferença

Grupo emprega em Brumadinho dispositivos de alta tecnologia, desenvolvidos pela indústria local de equipamentos de Defesa

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Pequenos ouvidos digitais que ouvem muito e olhos eletrônicos que tudo veem, além, claro, da experiência de muitas horas de trabalho de campo, resgatando vítimas de atentados a bomba, soterradas sob toneladas de escombros – os recursos e o pessoal técnico que compõem a Unidade Nacional de Busca e Salvamento (NSRU, na sigla em inglês), enviada pelo governo de Israel para auxiliar as buscas por sobreviventes em Brumadinho, podem, sim, fazer diferença na operação de socorro. O grupo emprega dispositivos de alta tecnologia, desenvolvidos pela indústria local de equipamentos de Defesa. 

Além do viés humanitário, há uma linha da diplomacia bilateral na iniciativa da administração do primeiro ministro Benjamin Netanyahu Foto: GIL LEONARDI/AGENCIA MINAS

A rigor, as ferramentas mais adequadas à situação encontrada no entorno da Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, são de dois tipos. Um deles é uma espécie de sismógrafo capaz de detectar os movimentos de pessoas atingidas pelo deslizamento de lama que, por exemplo, possam ter sido protegidas por algum tipo de estrutura – um pedaço de telhado, uma chapa metálica, blocos de pedra – carregada pela onda de detritos. Esse movimento forma uma bolha sob o lamaçal, eventualmente metros abaixo da superfície, permitindo um certo tempo de sobrevida. 

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O outro é um sistema de detecção acústica que emite um sinal e depois o recebe de volta – a diferença de variação e intensidade indicaria, por exemplo, a presença de um ferido, preso ao entulho. Um outro acessório, ou um modo específico de uso de outro aparelho, permitiria também a captação de sinais emitidos por telefones celulares ou outros meios de comunicação pessoal, mesmo desligados. O procedimento só não funciona se a carga das baterias dos aparelhos estiver esgotada. Os técnicos de Israel têm experiência em cenário semelhante ao da zona montanhosa e úmida de Brumadinho. Em 2010, atuaram na procura por sobreviventes do grande terremoto do Haiti. Depois disso, trabalharam em desastres naturais na África. 

A NSRU é militar. Os 135 engenheiros, médicos, bombeiros, paramédicos e especialistas em resgate que estão em Brumadinho, são comandados por um coronel do Exército, Golan Vach. O grupo é acompanhado pelo embaixador de Israel no Brasil, Yossi Cheli.  Criada em 1984, como resposta de pronto atendimento às vítimas da crescente onda de atentados terroristas nas principais cidades do país, a unidade está integrada na cadeia operacional do Home Front Command. Recebe treinamento na Escola Bahad 16, em Tzifrin, na região central do território israelense. 

O caráter da NSRU é a mobilização aerotransportada rápida. Na sexta-feira, definida a dimensão da crise e emitida a ordem de deslocamento para o Brasil, o grupo estava formado, equipado, pronto para partir do Oriente Médio para a América do Sul, em menos de oito horas, segundo um funcionário do Itamaraty envolvido no processo. 

Além do viés humanitário, há uma linha da diplomacia bilateral na iniciativa da administração do primeiro ministro Benjamin Netanyahu. O presidente Jair Bolsonaro anunciou que pretende transferir a embaixada brasileira em Israel para Jerusalém. Netanyahu esteve nas cerimônias da posse de Bolsonaro – em reunião fechada, os dois trataram de acordos cooperação em áreas de segurança, tecnologia e da balança comercial. 

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