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Andinho afirma financiar o PCC e desmente acusação de Geleião

Por Agencia Estado
Atualização:

O seqüestrador e assassino Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, confessou nesta quarta-feira no Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic) que é um dos principais financiadores do Primeiro Comando da Capital (PCC). Ele disse ter começado a contribuir em 1998 com R$ 20 mil. No mês passado, mesmo na cadeia, colaborou com R$ 40 mil. Interrogado por delegados e promotores, Andinho foi arrogante e respondeu com ironia às perguntas. Negou ter contado a José Márcio Felício, o Geleião, um dos fundadores do PCC, que mandou matar o prefeito de Campinas, Antonio da Costa Santos, o Toninho do PT, porque ele queria atrapalhar seus negócios com lotações. "Esse Geleião tá doido. Ele inventa as coisas. A gente conversou algumas vezes na sala antes da chegada das visitas, mas é loucura dele. Ele que prove. Não tenho vans ou lotações", declarou o seqüestrador. Os promotores que apuram a morte do prefeito deverão interrogar Geleião e Andinho na Penitenciária de Presidente Bernardes e, se possível, promover uma acareação entre os dois. Andinho já está indiciado como um dos autores do assassinato de Toninho do PT. O diretor do Deic, Godofredo Bittencourt Filho, reuniu os jornalistas para falar sobre Andinho, as investigações que seu departamento desenvolveu sobre o PCC e o organograma do novo comando da organização. Bittencourt declarou que a prisão de Andinho provocou um grande impacto no PCC. "Além do dinheiro, todos os meses ele deu dois carros importados para a organização vender e fazer mais dinheiro, utilizado para promover fugas, rebeliões e atentados." Choro - O diretor do Deic revelou que alguns dos criminosos mais temidos do sistema carcerário, do segundo escalão do PCC, que mandavam matar e seqüestrar, choraram durante os interrogatórios que começaram na semana passada. "O PCC chorou no Deic", vangloriou-se. Para ele, o PCC é uma organização criminosa falida, um câncer que foi extirpado, mas que aparece em outro lugar. "A sigla é forte. Outras facções estão nas ruas. São as facções de Cesinha (Cesar Augusto Roris da Silva), do Marcola (Marcos Willians Herbas Camacho) e Bandejão (José Eduardo Moura da Silva), mas continuamos a investigar e a prender bandidos. Desde o início da apuração, em fevereiro de 2001, já prendemos cem criminosos ligados ao PCC", explicou Bittencourt. Dinheiro - Durante as investigações chefiadas pelo delegado Ruy Ferraz Fontes, da Delegacia de Roubo a Bancos, os policiais descobriram 21 contas bancárias movimentadas pelo PCC. As contas foram abertas por parentes dos chefes da organização e dos homens apelidados de "pilotos" do segundo escalão. Serviam para depósito de dinheiro das extorsões praticadas contra familiares dos presos e das "contribuições" das quadrilhas de ladrões, seqüestradores e traficantes em liberdade. Parte do dinheiro arrecadado era destinado ao pagamento de advogados. Outra parte, para pagar ônibus e, em casos especiais, táxis para o transporte para cidades do interior dos familiares dos presos que moram na capital e todas as semanas visitam os parentes. "Estamos levantando as contas. Vamos pedir o seqüestro do dinheiro, dos carros, das casas e apartamentos comprados por mulheres, primos e filhos dos chefes do PCC", afirmou Ferraz Fontes. A cúpula do PCC vai para a Penitenciária de Presidente Bernardes, considerada pelo governo do Estado a mais segura do País. Os bandidos que estão no Deic serão levados de avião no fim de semana. "Não tem importância que os bandidos mais perigosos estejam no mesmo presídio porque o regime é diferenciado. Não tem celular, não tem visita íntima, as são celas individuais e o preso é monitorado o tempo todo", disse Ferraz Fontes.

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