
14 de setembro de 2009 | 00h00
O garoto cresceu, João Alfredo ficou pequena demais e, pelo País afora, Andrade foi se aventurar em outros sons. Conheceu o barulho da água do mar de Porto Belo, em Santa Catarina, onde tentou abrir um restaurante para crescer na vida. O lugar era um paraíso sonoro. Mas o trabalho não deu certo e Andrade encontrou São Paulo como opção. Hoje, aos 28 anos, seu despertador, às 4 horas, é o barulho dos ônibus que trafegam pela Radial Leste. Seu endereço coincide com a esquina mais barulhenta de São Paulo, a oficina mecânica do Seu Roberto, local em que mora e trabalha.
"Barulho já faz parte do meu dia. As pessoas precisam falar mais alto comigo, telefone não dá para escutar, mas a gente se acostuma", diz Andrade. "Trabalho e moro aqui há dois meses. Quando cheguei de Porto Belo, fiquei duas semanas sem dormir de tanto ruído. Agora parece que meu ouvido já se adaptou."
O mecânico sabe "ouvir as horas" só com a movimentação da Radial Leste. Quando são só os ônibus que trafegam, ainda não deu 6h. Carros, motos e caminhões passam a ficar mais calmos quando os ponteiros marcam 9h. A barulheira se acentua após as 11h, diminui até as 16h e, depois disso, fica infernal até as 21h. Depois das 23h um pouco de silêncio e, as 4h, o "busão despertador" toca outra vez. No ano que vem, Andrade diz que vai passar quatro meses em Porto Belo. Os ouvidos precisam tirar férias.
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