O deputado federal José Aníbal, líder do PSDB na Câmara dos Deputados, quer saber quem contratou detetives particulares para espioná-lo. Ontem, após a prisão de nove suspeitos de integrar o esquema desarticulado pela Operação Spy 2, o político telefonou para o secretário da Segurança Pública, Ronaldo Bretas Marzagão, cobrando providências. "Parabenizei a Polícia Civil de São Paulo, sei que ela é competente, mas faço questão de saber quem está por trás disso", afirmou Aníbal. Há dois meses, quando estava prestes a embarcar num voo para Brasília, o deputado recebeu uma ligação de policiais paulistas. Dois delegados do Departamento de Investigações Sobre Crime Organizado (Deic) foram pessoalmente encontrá-lo para dizer que ele havia sido vítima da quadrilha chefiada por detetives particulares. "Eles disseram que, durante a investigação, flagraram uma mulher solicitando dados sobre um celular de Brasília e suspeitavam que fosse meu", lembra Aníbal. Depois de telefonemas para assessores veio a confirmação: o número era de um celular usado pela secretária de seu gabinete. Ao voltar para Brasília, Aníbal se reuniu com os deputados Marcelo Itagiba (PMDB), ex-delegado da Polícia Federal e presidente da CPI das Escutas Telefônicas, e Carlos Sampaio (PSDB-SP), ex-promotor de Justiça, para saber quais providências deveria tomar. Dias depois, Aníbal e Sampaio foram juntos ao Deic. O líder tucano foi ouvido por seis delegados. Aníbal teve acesso a duas gravações. Na primeira, a detetive particular Ângela Bekeredjian foi flagrada pedindo o histórico de chamadas do deputado à colega Elizangela Novais da Silva. Ao verificar que o endereço do cliente era a "Câmara dos Deputados, na Praça dos Três Poderes", a funcionária da empresa de telefonia que passou os dados às detetives exclamou: "Que chique!" Na segunda interceptação, um homem não identificado consegue "arrancar" de um funcionário da Claro diversas informações pessoais, até mesmo o nome completo da mãe de Aníbal. A polícia não sabe ainda quem estava interessado em espionar o líder do PSDB, mas não descarta uma "espionagem eleitoral". "Minha vida é publica: números de telefone, declaração de bens e até os cartões de crédito se quiserem. É por isso que quero saber quem tinha interesse em me espionar", afirmou o deputado. "Isso (o serviço de telefonia) é uma concessão. Não podemos ficar à mercê dessa gente." Além de políticos, os serviços clandestinos dos detetives particulares eram procurados por empresários e, principalmente, maridos e mulheres interessadas em desvendar suspeitas conjugais. "Algumas pessoas acabaram sabendo que estavam sendo investigadas pelos seus próprios cônjuges", disse o delegado Ruy Ferraz Fontes, do Deic.