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Animais de estimação ajudam no envelhecimento saudável, aponta estudo

Pets ajudam idoso a aproveitar a vida e a se sentir amado, mostra pesquisa da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos

Foto do author Roberta Jansen
Por Roberta Jansen
Atualização:

RIO - A velhice pode ser mais saudável e feliz ao lado de um animal de estimação. É o que comprova uma nova pesquisa sobre o envelhecimento feita pela Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, e divulgada nesta quarta-feira, 3. O levantamento revelou que 90% dos idosos que têm cães, gatos e pássaros dizem que o animal os ajuda a aproveitar a vida e se sentir amados. Além disso, 80% garantem que os bichos reduzem o estresse.

Palmisciano com Pequena: 'Antes eu chegava aqui e não tinha ninguém' Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADAO

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Para a pesquisa, os especialistas ouviram 2 mil pessoas com idades entre 50 e 80 anos - 55% dos quais tinham um animal de estimação. Cachorros foram os pets mais comuns entre os entrevistados, seguidos de gatos e outros pequenos animais, como aves e hamsters. Independentemente do animal, a grande maioria dos proprietários afirma que eles ajudam também na saúde física e mental. 

Quase 80% dos donos de cachorros garantem que o animal os ajudam a serem fisicamente ativos - porque demandam cuidados diários e, muitas vezes, passeios - , além de lhes dar um propósito na vida.

Mais de 60% das pessoas que têm um bicho dizem que eles ajudam a lidar com problemas como depressão, isolamento social e solidão. 

Os benefícios dessa convivência foram uma surpresa para Francisco Palmisciano, o Franzi, de 80 anos. Ele não gostava de gatos, mas há cerca de um ano sua filha levou Mila para passar alguns dias em sua casa na Vila Constança, na zona norte de São Paulo.  Franzi logo se acostumou à gata e não deixou a filha levá-la embora. Quatro meses depois, encontrou outra gata - a Pequena - embaixo de um carro e a levou imediatamente para casa. Franzi diz que se sente menos sozinho e bem disposto.

“Antes eu chegava aqui e não tinha nada, ninguém. Agora, tem as gatinhas, então quando eu chego em casa procuro logo onde elas estão”, ele conta. “Você fica mais ativo, sim, é muito bom. Quem não gosta de animal nenhum fica meio vazio, eu acho.”

A percepção dos idosos encontra respaldo na ciência. Muitos estudos já demonstraram que o convívio com animais reduz o estresse e sintomas de depressão e ansiedade, além, é claro, de incentivar as atividades físicas. Segundo especialistas, os animais de estimação também promovem uma interação social mais intensa, crucial para uma faixa etária em que a solidão é comum.

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“A pessoa tende a conhecer outras pessoas, cria vínculos com outros donos de animais”, afirma a veterinária Carolina Rocha, especialista em terapia assistida com animais pela Universidade de São Paulo (USP). “Isso mantém a pessoa mais ativa, participativa, menos sozinha, menos deprimida.”

O levantamento mostra, no entanto, alguns aspectos negativos do convívio: dificuldades de viajar ou mesmo deixar a casa (54%) e gastos financeiros (18%). Um porcentual menor (6%) relatou quedas ou machucados, além de alergias. 

A professora de veterinária Juliana Almeida, da Universidade Federal Fluminense (UFF), lista mais um: é bom ficar atento para os cuidados que um companheiro tão especial merece, como alimentação apropriada e cuidados veterinários.

Instituto treina cães para terapia com idosos em asilos

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As visitas de cães deixam um efeito visível nos hóspedes da Apoio Casa de Repouso, na Vila Santa Catarina, que fica na zona sul de São Paulo. Neusa Garcia, de 73 anos, que mora no asilo há cerca de um ano e três meses, diz que percebe a diferença no rosto dos colegas, que aguardam ansiosos pelos sábados, quando os animais vão ao local.

“Principalmente aqueles que têm famílias que moram longe, que não veem quase ninguém, para eles é muito importante”, diz Neusa. “Tem cachorros para todos os gostos, grandes e pequenos. Eles pulam no colo da gente, sobem na cama, querem brincar. E o pessoal gosta.”

As sessões de “terapia canina” são organizadas pelo Instituto Cão Terapeuta, que atende casas de repouso e hospitais há mais de 20 anos - desde 2013 como ONG, e antes disso como um projeto social de uma empresa. Inspiradas em iniciativas similares no exterior, as atividades durante as visitas consistem em jogos e brincadeiras com os pacientes e os pets. 

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Os participantes do projeto - cachorros e seus donos - são escolhidos após um processo seletivo e treinamento. Para os cães, há critérios eliminatórios: se eles têm reações agressivas ou são muito ariscos, por exemplo, estão descartados.“É basicamente um suporte emocional, um pouco de bem-estar para quem passa por um momento difícil”, diz Tatiane Ichitani, coordenadora do instituto./ COLABOROU TULIO KRUSE

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