Antigo Fura-Fila funcionará como um monotrilho japonês

Sem paralelo no Brasil, sistema opera desde 1964 com tração elétrica e pneus sobre um trilho

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Por Daniel Gonzales e JORNAL DA TARDE
Atualização:

Um sistema de monotrilho japonês, que opera desde 1964 em Tóquio ligando o centro ao Aeroporto de Haneda, 30 quilômetros ao sul, servirá de inspiração para o modelo paulistano a ser implementado no Metrô Leve Expresso Tiradentes, o antigo Fura-Fila. O prefeito Gilberto Kassab, que está em visita oficial ao Japão, conheceu o centro de operação da Tokyo Monorail Corporation e fez uma viagem de 17,8 quilômetros entre as estações de Hamamatsucho e Haneda. Ele afirmou que o sistema do "Fura-Fila" japonês será utilizado na capital. A Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) confirmou a informação: trata-se de um Veículo Leve sobre Trilho (VLT). Na semana passada, Prefeitura e Estado anunciaram um convênio para completar a obra até Cidade Tiradentes (zona leste) por meio de "metrô leve", em um trecho de 22,3 quilômetros. O secretário municipal de Transportes, Alexandre de Moraes, que também está em Tóquio, disse na ocasião que os veículos teriam pneus e circulariam em via elevada por todo o trajeto, mas não especificou o tipo de tecnologia a ser adotada. Sem paralelo no Brasil, o monotrilho opera com veículos de seis vagões, tração elétrica e pneus de borracha sobre um único trilho plano, de concreto, posicionado no centro do elevado. A alimentação de energia é feita por um terceiro trilho na lateral e duas guias de orientação em ambos os lados servem para manter a estabilidade das composições, que chegam a trafegar a 40 quilômetros por hora. Placas metálicas presas nos veículos "abraçam" o trilho central. Uma ilustração não oficial que o Jornal da Tarde obteve junto ao Metrô (mais informações nesta página) mostra a via elevada a uma altura média de 11 metros. Embora bem mais caro do que um corredor de ônibus - a obra está orçada em R$ 2,3 bilhões, frente a R$ 600 milhões que seriam gastos com um corredor -, o monotrilho elevado tem a vantagem de interferir menos na superfície e não provocar desapropriações. Cerca de 70 cruzamentos e/ou interferências viárias serão eliminadas com o modelo. Cada uma das 59 composições previstas para o metrô leve terá capacidade para receber até 1 mil passageiros. A demanda estimada é de 350 mil passageiros/dia - a linha japonesa atende a uma média de 280 mil. Dos recursos necessários para a obra, a Prefeitura deve entrar com R$ 1 bilhão, que pela promessa de campanha de Kassab seriam destinados ao sistema de metrô. O governo do Estado vai contribuir com o outro R$ 1,3 bilhão. "A ideia é transferir esses recursos (ao Estado) o mais rapidamente possível", disse Kassab, em Tóquio. Segundo o Metrô, os primeiros editais para a primeira fase das obras (de Vila Prudente ao Parque São Lucas), a entrar em funcionamento até o fim de 2010, incluem projetos básico, funcional e relatório de impacto ambiental e serão publicados "logo no início" do segundo semestre. O secretário estadual de Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella, afirma que haverá uma segunda fase, de São Lucas até São Mateus (2011), e a terceira até Cidade Tiradentes (2012).

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