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Apedrejamento é 'coisa bárbara', afirma Dilma

Ao contrário de Lula, eleita condena essa forma de punição usada no Irã, mas promete diálogo com quem quiser negociar 'em paz'

Foto do author Leonencio Nossa
Por Leonencio Nossa , Tania Monteiro e BRASÍLIA
Atualização:

A presidente eleita Dilma Rousseff disse ontem que é "radicalmente" contra a decisão que chegou a ser adotada pelo Irã de apedrejar Sakineh Mohammadi Ashtiani, acusada de adultério e de participar do assassinato de seu marido. "Acho uma coisa muito bárbara o apedrejamento da Sakineh", afirmou Dilma, em entrevista no Palácio do Planalto - sem mencionar que a punição já foi derrubada e trocada pela pena de enforcamento. "Mesmo considerando os usos e costumes de outros países, (o apedrejamento) continua sendo bárbaro", disse ela. A sentença dada pelo regime dos aiatolás iranianos mobilizou, até semanas atrás, governos e entidades internacionais de direitos humanos. Ao considerar "bárbaro" o apedrejamento da iraniana Sakineh, Dilma ressaltou que pretende manter o diálogo com o Irã e qualquer país que queira negociar em "paz" com o Brasil. A presidente eleita enfatizou uma posição "intransigente" em defesa dos direitos humanos mas fez ressalvas ao modo de se lidar com países em que o assunto seja um problema. "Essa posição se reflete no plano da diplomacia como opção clara por uma manifestação que conduza à melhoria nos direitos humanos, não necessariamente (uma manifestação) estrondosa", afirmou Dilma. "Para você conseguir melhorar nos direitos humanos, tem que negociar. No meu governo não haverá dúvida a respeito."Assessores da área internacional do governo entenderam a declaração de Dilma como uma sinalização de que ela fará mudanças na política externa. Eles lembram que, no caso Sakineh, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sempre evitou fazer comentários, argumentando que qualquer posicionamento sobre a condenação da iraniana seria uma "avacalhação" e uma interferência em assunto interno de outro país. Lula foi criticado por não condenar a sentença.Outros assessores preferiam ser mais comedidos. Eles observaram que a declaração da presidente eleita contra o apedrejamento de Sakineh, pelo menos neste momento. faz parte da estratégia do presidente Lula de mostrar que sua sucessora tem visão e ideias próprias.A área de direitos humanos é uma das poucas em que a presidente eleita poderia apresentar uma posição diferente da do atual governo. Um dos principais fatores para isso é que Dilma foi presa e torturada durante a ditadura militar.LULA E A CONDENAÇÃO DE SAKINEH27/5/2007A Suprema Corte do Irã condena Sakineh26/6/2010ONG divulga carta de filhos 31/7/2010Lula oferece asilo a Sakineh3/8/2010Irã diz que Lula não está bem informadol22/10/2010OBrasil reitera ao Irã apelo humanitário por Sakineh

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