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Apesar de acordo, ônibus não circulam em Salvador nesta terça

Dissidentes não aceitaram negociação entre empresas e sindicatos, que determinou reajuste salarial de 9%, aumento de 9% no vale-alimentação e redução de jornada de trabalho para 7 horas

Por Tiago Décimo
Atualização:

Atualizada às 14h27

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SALVADOR - Mesmo após o Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários do Estado da Bahia (Sintroba) ter aceitado a contraproposta das empresas de transporte público de Salvador e cancelado a greve prevista para esta terça-feira, 27, não há ônibus circulando na cidade. Apesar de a paralisação atrapalhar o cotidiano de cerca de 1,5 milhão de pessoas, não são registrados problemas nas principais estações da capital baiana, que já amanheceram com movimento abaixo do normal, nem no trânsito, que flui com mais tranquilidade do que a registrada normalmente nos principais corredores urbanos.

Segundo a direção do sindicato, não há greve, mas uma manifestação de "grupos minoritários" de trabalhadores, que impedem a saída dos coletivos das garagens desde a madrugada. Policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar foram deslocados para a porta de algumas empresas, para evitar conflitos entre os grupos que impedem a saída dos ônibus e os que querem trabalhar.

Audiência de conciliação realizada nesta manhã, na sede do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), acabou sem acordo entre representantes das empresas de transporte público de Salvador e trabalhadores. O TRT propôs que fosse mantido o reajuste de 9% nos salários - proposta que havia sido feita pelos empresários e aceita pelo sindicato da categoria na segunda-feira -, mas que o vale-alimentação fosse aumentado para R$ 14, ante os R$ 13,30 oferecidos pelos patrões. Nenhuma das partes aceitou a proposta. Os trabalhadores agora reivindicam reajuste salarial de 12% e vale de R$ 17, mas as empresas argumentam que não podem ultrapassar os índices oferecidos sem que haja reajuste nas tarifas. Diante do impasse, o TRT marcou o julgamento do dissídio coletivo da categoria para a manhã de sexta-feira.

Multa. Na tarde de segunda-feira, 26, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) determinou que, caso a paralisação ocorresse, 70% da frota deveria circular nos horários de pico e 50% no restante do dia, sob pena de multa, para o sindicato, de R$ 100 mil por dia.

O impasse entre o sindicato e os grupos dissidentes teve início na tarde de segunda-feira, após a reunião entre os dirigentes do Sintroba e representantes das empresas. Eles fecharam um acordo de 9% de reajuste salarial, aumento de 9% no vale-alimentação e redução da jornada de trabalho de 8 para 7 horas. A reivindicação do sindicato era reajuste de 15% nos vencimentos, de 63,5% no vale e redução da jornada para 6 horas diárias.

Uma assembleia foi realizada em seguida, na sede do sindicato, com a participação de cerca de 200 trabalhadores, aprovando o acordo. Enquanto isso, outros cerca de mil trabalhadores aguardavam uma reunião com a direção em outro local, mais amplo, para realizar a assembleia. Esse grupo alegou não ter sido ouvido e decidiu manter a paralisação, que havia sido marcada na última quinta-feira para a zero hora desta terça-feira.

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Revolta. Já no fim da tarde desta segunda, os ônibus começaram a ser parados nas estações ou recolhidos para as garagens. Revoltados, passageiros que aguardavam transporte na Estação da Lapa, a maior da cidade, quebraram vidros e esvaziaram pneus dos veículos que estavam estacionados no local.

A prefeitura informou ter disponibilizado 300 micro-ônibus para tentar reduzir o impacto da paralisação do sistema. O número de veículos, porém, é pequeno - corresponde a cerca de 10% do total de ônibus que circula na cidade.

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