Após achar 6ª vítima, bombeiros encerram buscas na cratera

Para coronel, ´não há indícios suficientes´ para crer que haja mais mortos no local; Polícia Civil apura desaparecimento do office-boy Cícero Augustino da Silva

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Por Agencia Estado
Atualização:

Depois de resgatar a sexta vítima nos escombros das obras da Linha 4-Amarela do Metrô, as autoridades e o próprio Instituto Médico Legal (IML) confirmaram se tratar do corpo do agente ambiental Márcio Rodrigues Alambert, de 31 anos. Às 3 horas desta sexta-feira, a equipe de resgate do Corpo de Bombeiros considerou que as buscas chegaram ao fim. Porém, os bombeiros aguaram uma posição da Polícia Civil de São Paulo sobre o desaparecimento de Cícero Augustino da Silva, de 58 anos, desaparecido desde sexta-feira, 12, quando aconteceu o acidente no local. "Não há indícios suficientes para acreditarmos que ele esteja mesmo ali. Em São Paulo há registros de cerca de 60 desaparecidos todos os dias", explicou o coronel João dos Santos de Souza, que comandou as equipes de resgate. Ainda assim, após a retirada do microônibus, prevista para acontecer até às 7 horas da manhã desta sexta, através do túnel do Metrô, os bombeiros devem fazer uma "varredura". Para retirar a van do local do acidente, o Corpo de Bombeiros içou os eixos dianteiro e traseiro do veículo para dentro de uma caçamba. Um guindaste localizado no túnel da Rua Ferreira de Araújo, um dos canteiros do Consórcio Via Amarela, foi utilizado. O restante do veículo foi retirado da cratera em uma lona branca. O soterramento destruiu completamente o veículo. O que sobrou da carcaça foi apenas a parte inferior e alguns bancos. O teto ficou completamente retorcido, e até precisou ser cortado, assim como muitas outras partes do microônibus, que foram cerradas durante a operação de resgate. Trabalhos "Vamos clarear, olhar ponto a ponto com lanternas, tudo isso para ver se encontramos algum sapato, alguma parte de corpo humano, qualquer pista que nos leve a achar que há mais alguém no buraco." A expectativa inicial era de remover a van para a superfície antes mesmo das 7 horas. "Queremos amenizar esse sofrimento, acabar com essa angústia. Quando aparecer na tevê, sei que o sujeito que está lá no Amapá vai dizer: ´ufa, tiraram a van´". Para ele, o trabalho do Corpo de Bombeiros foi cansativo, mas desafiador. "Aprendemos muito com isso tudo, inclusive com a imprensa. Foi uma lição para todos nós", disse o coronel, que fez questão de ressaltar a determinação dos bombeiros e a importância dos cães nas buscas pelas vítimas. No veículo foram localizados quatro das seis vítimas do desabamento. O motorista Reinaldo Aparecido Leite, de 40 anos, o cobrador Wescley Adriano da Silva, 22, a bacharel em Direito, Valéria Marmit, 37, e o agente ambiental Márcio Alambert, 31. As outras duas vítimas do desabamento nas obras da futura Estação Pinheiros do Metrô são: o motorista Francisco Sabino Torres, de 47 anos, que trabalhava no Consórcio Via Amarela, e a aposentada Abigail Rossi de Azevedo, de 75 anos, que ia em direção à estação da CPTM de Pinheiros pela Rua Capri quando aconteceu a tragédia. O marido a esperava na estação de trem para levá-la para casa, depois de uma consulta médica. Van é destruída ao ser soterrada O governador de São Paulo, José Serra, esteve no local do acidente na quinta-feira e desceu até o túnel onde a van está soterrada. Ele disse que o veículo estava desfigurado. "O microônibus está absolutamente destruído. Foi instantâneo, ele foi inteiramente esmagado", declarou. Ele disse que, a pedido do comandante do Corpo de Bombeiros, João dos Santos, entrou no túnel para dar apoio aos bombeiros que trabalham no resgate das vítimas. ?Eles merecem todo o nosso reconhecimento. Têm feito um trabalho heróico?, destacou. Acompanhado dos secretários da Justiça, Luiz Antonio Marrey, e da Comunicação, Hubert Alquéres, o governador também conversou com familiares que estão acampados no local e reiterou que o Estado vai dar toda assistência jurídica às famílias. ?Não há indenização que substitua um pai, uma mãe ou um filho, mas, de toda maneira, estamos aqui para dar o conforto e eu tenho certeza de transmitir os sentimentos de todo o povo de São Paulo para essas pessoas?, disse. O capitão Mauro Lopes, do Corpo de Bombeiros, informou que dois terços da van foram liberados, mas o restante do veículo ainda está sob os escombros. Segundo ele, o carro ainda está preso a ferragens, especialmente no teto. No momento, cerca de 30 bombeiros trabalham nos túneis para retirar o veículo. O microônibus estava preso entre o teto do túnel que liga a futura estação Pinheiros à estação Faria Lima e a superfície da cratera aberta com o deslizamento de terra, ocorrido na sexta-feira. No final da manhã desta quarta, os bombeiros conseguiram retirar o poste que prendia o veículo, o que facilitou a chega dos bombeiros para localizar as vítimas. Matéria alterada às 8h55 para acréscimo de informação

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