Após acidente, funcionários da Petrobras se recusam a voar

Helicóptero era da empresa BHS, a mesma envolvida no acidente desta semana que deixou pelo menos 4 mortos

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Por Clarissa Thomé
Atualização:

Dez funcionários da Petrobras recusaram-se a embarcar num helicóptero da empresa BHS, que os levaria do Aeroporto de Macaé para a plataforma P-08, no campo de produção de Marimbá, informou a Federação Única dos Petroleiros (FUP) nesta sexta-feira, 29.   Veja também: Co-piloto diz que pane no rotor causou a queda do helicóptero Encontrado 4º corpo de acidente com helicóptero da Petrobras   A BHS era a dona do helicóptero que afundou na terça-feira, 26, deixando quatro mortos e um desaparecido. Foi o terceiro acidente com aparelhos da empresa em cinco anos. Os anteriores deixaram 11 mortos.   "Essa é a primeira vez que os empregados exercem o direito de recusa, uma cláusula do acordo coletivo, segundo a qual eles podem negar-se a fazer algo que os coloque em risco", disse o diretor da FUP, Antônio José Moraes. "Os funcionários só voltam a voar pela BHS depois que as causas do acidente sejam apuradas e divulgadas."   A Assessoria de Imprensa da Petrobrás em Macaé explicou à tarde que os vôos previstos para ocorrerem pela manhã acabaram sendo adiados para a manhã deste sábado "por escassez de aeronaves."   Oficialmente, apenas os vôos de duas aeronaves Super Puma L2 foram suspensos até que se esclareça os motivos da queda do helicóptero deste modelo. A empresa não se pronunciou sobre a recusa dos petroleiros em embarcarem, já que o vôo acabou adiado.   Moraes informou que na semana que vem os funcionários da Petrobrás farão protestos nas unidades de trabalho por melhores condições de segurança. Eles também querem mudanças no transporte aéreo.   "Pedimos a reestruturação do número de vôos, para que se tenha controle maior da jornada dos pilotos, para que não tenham horas de vôo excessivas, a volta da tripulação de bordo, melhores condições nos aeroportos. Mas não conseguimos abrir um canal de negociação com a Petrobrás", afirmou Moraes.   O sindicalista criticou o número excessivo de terceirizados, que correspondem a cerca de dois terços das pessoas que trabalham para a Petrobrás. Segundo dados divulgados pela FUP, nos últimos 10 anos, 210 morreram em instalações da estatal. Desses, 39 eram funcionários concursados e 171 terceirizados.   Corpo identificado   O Instituto Médico Legal de Macaé identificou nesta sexta-feira, 29, o corpo da quarta vítima do acidente com o helicóptero na Bacia de Campos como sendo o do funcionário Guaraci Novaes Soares, de 44 anos, da De Nadai Serviços de Alimentação.   A Petrobrás informou em nota que continuam as buscas para a localização do piloto Paulo Roberto Veloso Calmon, de 63 anos, único a permanecer desaparecido. Das pessoas resgatadas com vida, 12 receberam alta e três continuam internadas.   (Colaborou Marcelo Auler, de O Estado de S. Paulo)

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