Após arrastões, patrulhamento da orla da zona sul do Rio terá 600 PMs

Furtos e roubos em série nas praias preocupam turistas e hotéis

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Por Marcelo Gomes
Atualização:

Apesar da previsão de chuva, a partir deste fim de semana o patrulhamento da orla da zona sul do Rio contará com 600 policiais militares para evitar novos arrastões nas praias. Além do 23º Batalhão da Polícia Militar (BPM), responsável pelas Praias do Arpoador, Ipanema e Leblon, o reforço contará com homens da Tropa de Choque, de ações com cães e de três batalhões da zona norte da capital fluminense.Roubos e furtos em série, que aconteceram nos feriados dos Dias da Consciência Negra, 20, e da Proclamação da República, 15, levaram pânico a cariocas e turistas, principalmente nas areias do Arpoador e Leblon. O impacto dos recentes arrastões no turismo já causam preocupação: o assunto foi mencionado numa reunião da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (Abih-RJ) com gerentes de hotéis da cidade."Vamos ver se conseguimos entender essas ações que para nós, de uma certa forma, nos causaram estranheza porque não eram práticas que vinham acontecendo. O problema sério é a presença de menores e isso não é uma questão só de polícia. Temos que perceber que essas ações estão sendo desenvolvidas inclusive por crianças", declarou nesta sexta-feira, 22, o secretário de Segurança Pública do Estado, José Mariano Beltrame. O porta-voz da PM, tenente-coronel Cláudio Costa, afirmou que a corporação realizará ações de fiscalização em linhas de ônibus que saem da zona norte e têm ponto final na orla da zona sul. A Polícia Civil identificou que a maioria dos presos na última quarta-feira, 20, era das favelas do Jacarezinho e do Mandela. "Vamos agir junto com o Conselho Tutelar".Também no Arpoador, vai funcionar das 9h às 19h deste sábado, 23, e domingo, 24, uma delegacia móvel, que terá capacidade de fazer simultaneamente três registros de ocorrências. A Polícia Civil também participará do policiamento ostensivo para aumentar a sensação de segurança: agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), tropa de elite da corporação, serão deslocados para a Praia de Copacabana. O efetivo, no entanto, não foi divulgado.Gerentes de hotéis na orla ouvidos pela reportagem demonstraram apreensão com os arrastões. "A alta temporada mal começou e estamos tendo esses problemas. Estamos preocupados com a ocupação no verão", afirmou a gerente Tânia Conde, do Hotel Marina Palace, no Leblon.Apenas objetos necessários. A gerente Paula Mello, do Hotel Fasano, em Ipanema, lamentou os episódios de violência. "A recomendação básica dada aos hóspedes é a de não levar mais do que o estritamente necessário para a praia, evitando objetos que chamem a atenção. O hotel oferece serviço de praia com cadeiras, ombrelones, água mineral e filtro solar. Dessa forma, se torna dispensável que o hóspede leve consigo muitos itens para fora do hotel". Em nota, a Abih-RJ informou que "está acompanhando as medidas tomadas pelas autoridades de segurança" sobre o assunto.Hospedados no Fasano, o casal de espanhóis Enrique e Maria Dolores Diaz não deixou de ir à praia mesmo com o dia nublado, mas deixou praticamente todos os pertences no hotel. "Ficamos impressionados que todos os prédios nas proximidades são gradeados, mesmo os da orla. Isso não existe em Madri", contou Enrique. Já as médicas alemãs Frauke Oltmann, de 29 anos, e Claudia Leo, de 30, estavam tranquilas, mesmo sabendo dos arrastões. "Acho que poderia ter acontecido em qualquer outra cidade, desde que a praia estivesse lotada daquele jeito. O tempo todo recebemos conselhos sobre segurança aqui: no hotel, nos pontos turísticos, nas revistas de viagem. Mas sinceramente não notei nada anormal" disse Frauke. Moradoras de Fortaleza, as advogadas Lia Menezes, de 33 anos, e Leticia Rosendo, de 27, chegaram nesta sexta-feira ao Rio. "Ouvi falar do arrastão na quarta, um dia antes de chegarmos, mas preferi não me informar melhor. A viagem já estava toda planejada e não ia dar para cancelar... Mas até agora está tudo correndo bem. Percebi que os cariocas andam tranquilos na rua. Já os turistas são mais assustados", disse Lia.

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