Após ato de professores, mascarados depredam centro de Rio e São Paulo

Protestos ocorriam sem violência até a chegada de integrantes do Black Bloc. No Rio, eles apedrejaram o Consulado dos Estados Unidos e queimaram ônibus, mas a polícia só agiu meia hora depois; na Lapa, pelo menos 30 pessoas foram presas até as 23h

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Por Redação
Atualização:

Texto atualizado às 08h06.

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O centro das duas principais cidades do País, São Paulo e Rio, foi palco novamente de confrontos violentos. Inicialmente convocados em apoio aos professores do Rio - que entraram em confronto na semana passada com a Polícia Militar -, os atos corriam pacificamente, até a intervenção de grupos Black Bloc.

Diante de uma Polícia Militar (PM) impassível, dezenas de mascarados atiraram coquetéis molotov dentro da Câmara carioca (mais informações abaixo). O Clube Militar teve a portaria e o 1.º andar incendiados. Um grupo queimou um ônibus e manifestantes apedrejaram o Consulado dos Estados Unidos. 

Tudo isso aconteceu nas imediações do Quartel-General da PM, a 200 metros da Cinelândia. Tropas da corporação estavam de prontidão. Mas só agiram 30 minutos após o início do vandalismo - prédios públicos e privados já haviam sido atacados e destruídos. 

A manifestação começou de maneira pacífica no largo na frente da Igreja da Candelária. Para surpresa dos manifestantes, a Cinelândia estava despoliciada, quando da chegada das cerca de 5 mil pessoas que participaram da passeata, na avaliação do Sindicato dos Profissionais de Ensino (Sepe) - outras entidades avaliam o público em pelo menos 20 mil pessoas.

Vandalismo. A falta de policiais, porém, pode ter estimulado o vandalismo. Os primeiros ataques aconteceram em agências bancárias. Uma agência do Banco do Brasil e outra do Itaú foram destruídas. Barricadas de fogo surgiram na Cinelândia e em ruas vizinhas. 

A pouco mais de 200 metros da Câmara, cerca de 40 policiais formaram um cordão na frente do Quartel General da PM, a partir das 19h40. Mas não seguiram em direção à Cinelândia, o que estimulou os manifestantes. Pedregulhos foram arremessados em direção à tropa, que continuava estática. 

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Mais agências foram destruídas, sendo que uma do Banco do Brasil teve caixas eletrônicos incendiados. Os black blocs fugiram pela Avenida Rio Branco e na direção do Aterro do Flamengo e da Lapa. 

Na sequência, um grupo acendeu fogueiras na frente do Clube Militar, quase na esquina da Rio Branco com a Avenida Santa Luzia. O lugar foi atacado com pedras e explosivos. O fogo chegou a atingir o primeiro andar, mas logo foi contido. Outro grupo foi até o consulado americano, a um quarteirão do Clube Militar. O apedrejamento resultou em trincas nos vidros blindados. 

Bem perto dali, um ônibus de passageiros foi interceptado, atravessado na pista da Rio Branco e incendiado. O motorista, sozinho na condução, conseguiu descer para a rua, antes de as labaredas destruírem totalmente o veículo. Outros três coletivos foram depredados e parcialmente destruídos. 

Ao longo da Rio Branco, a principal via do centro carioca, praticamente todos os prédios foram atacados por 200 mascarados. Portarias de vidro, jornaleiros, bancos, lanchonetes, galerias, nada escapou. Às 21h, na esquina com a Rua 7 de Setembro, uma patrulha da PM foi escorraçada a pedradas pelos manifestantes. A bandeira do Estado do Rio, hasteada numa agência do Banco do Brasil, foi arrancada e substituída por um pano preto, sem que os policiais interferissem.

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Mais tarde, na Lapa, a PM deteve pelo menos 30 suspeitos de envolvimento com as depredações. A quantidade de feridos era desconhecida.

São Paulo. A manifestação de alunos e professores na Praça da República, em São Paulo, também terminou em confronto com a polícia e atos de vandalismo, depois que um grupo de mascarados do Black Bloc jogaram coquetéis molotov em um cordão de policiais que fazia a proteção da Secretaria Estadual de Educação.

No fim da tarde, por volta das 18h, um grupo de manifestantes saiu da Avenida Paulista em direção ao prédio da secretaria, formado por cerca de 150 alunos e funcionários universitários. Ao mesmo tempo, um grupo de mascarados partiu do Teatro Municipal. 

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Uma vez que o confronto começou, o grupo pacífico se dispersou, enquanto os mascarados passaram a depredar placas, lojas e carros, perseguidos por PMs e integrantes da Tropa de Choque. A polícia utilizava bombas de efeito moral e gás pimenta para dispersar o grupo.

Eduardo Marques Pereira, de 19 anos, administrador de uma banca de jornal na Rua 24 de Maio, respirou gás lacrimogêneo e teve de correr para fechar as portas, com ajuda de quem passava pelo local. “Foi assustador. Era bomba, correria, tumulto e ônibus pichado.” /ADRIANO BARCELOS, FÁBIO GRELLET, FELIPE WERNECK, SERGIO TORRES, BRUNO PAES MANSO e FABIO LEITE

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