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Após décadas de abandono, Teatro Guarany, de 1882, reabre em Santos

Por Rejane Lima
Atualização:

Construído em 1882 pela serraria e carpintaria de Thomaz Antonio de Azevedo, que tinha como slogan "a única movida a vapor na cidade" e o pintor Benedicto Calixto como funcionário, o Teatro Guarany, no centro de Santos, acaba de ser reaberto ao público, após décadas de abandono e decadência. Palco de importantes momentos culturais e políticos, o local que abrigou de abolicionistas a oposicionistas à Era Vargas, agora além de teatro será sede da escola municipal de Artes Cênicas. Executada pela prefeitura de Santos, a reconstrução da primeira casa de espetáculos da cidade demorou 22 meses para ficar pronta e custou R$ 6,7 milhões em recursos da iniciativa privada, captados por meio da Lei Rouanet. "É um resgate emocionante, com toda a história do Guarany, tudo que aconteceu aqui de importância na época áurea. Grandes espetáculos vinham ao Brasil para ir ao Rio, São Paulo e Santos", conta o prefeito João Paulo Tavares Papa (PMDB), citando como exemplo a atriz francesa Sarah Bernhardt, que se apresentou no local em 1886. O prédio em ruínas foi adquirido pela prefeitura por R$ 260 mil em 2004. A partir daí, iniciou-se o processo de aprovação da Lei Rouanet no Ministério da Cultura e a busca por investidores foi concluída com patrocínio das empresas Cosipa-Usiminas, Telefônica, MRS Logística, Cutrale, Petrobrás, Fosfertil, Comgás, Bunge, Copersucar e Carbocloro. A obra priorizou a preservação do pouco que havia sobrado da construção original, como as paredes externas. O interior foi muito alterado nos anos 1950, com a instalação de um cinema, um bar e uma loja comercial. Nessa época, começou a decadência do Guarany, que culminou com o antigo espaço exibindo apenas filmes eróticos. A inutilização total do prédio ocorreu em 1981, com um incêndio. "O projeto contempla esse passado, restaurando os elementos construtivos originais que permaneceram e fazendo uma nova arquitetura contemporânea e leve. O projeto todo é uma homenagem à história e aos personagens principais que andaram por esse teatro", conta o arquiteto responsável, Ney Caldatto Barbosa. O Guarany tem agora 350 lugares, sendo 270 na platéia e o restante no camarote no piso superior. Foi preciso diminuir o tamanho do palco para que a estrutura abrigasse a escola de artes cênicas. Ali serão ministradas aulas de dramaturgia, cenografia e sonoplastia. O teto acima da platéia ganhou uma pintura do artista plástico paulistano Paulo von Poser. Ele retratou o enredo do romance de José de Alencar (1857) que dá nome ao teatro.

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