Após fusões, moda brasileira busca mercado externo

Para especialistas, grifes têm de aproveitar boa fase para negócios

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Por Renata Cafardo e Flavia Guerra
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A expectativa no mundo da moda brasileira cresce proporcionalmente aos cifrões investidos - ou prometidos para investimento - em grifes nacionais. A aposta é a que a consolidação do mercado interno reverta os números ainda pouco expressivos quando se fala em vendas no exterior. Em 2007, as exportações de produtos têxteis e confecção renderam US$ 2,4 bilhões ao País, mas as importações, principalmente de países asiáticos, ficaram em US$ 3 bilhões. E, segundo a ONU, o Brasil representa menos de 1% do comércio mundial de moda, música, arte, design, artesanato - áreas conhecidas como indústrias criativas. "É a hora de nos firmarmos como estilo e negócios. Não podemos deixar passar", diz o estilista Amir Slama, sócio da grife Rosa Chá, que desfila em Nova York desde 2000. Há um ano e meio, ele foi um dos precursores do movimento de fusões e aquisições, vendendo 75% de sua marca ao grupo Marisol. "Pude investir em design, comunicação, apresentação. E a marca se globalizou rapidamente." Hoje tem três franquias em Miami, Lisboa e Istambul. E, em maio, abre loja própria em Nova York. "Para trabalhar fora, é preciso força produtiva e logística que sozinho não dá para ter." Waldemar Iodice, dono da marca que leva seu sobrenome, diz "que tudo está à venda". Ele conta que ainda não foi procurado por nenhum dos grandes grupos que têm comprado grifes brasileiras e é ainda sozinho que estreará em 4 de fevereiro na New York Fashion Week. Mesmo assim, acredita que a marca está pronta. "É preciso ter estrutura para entrar no mercado externo, não adianta desfilar e não ter produto, receber pedidos e não entregar." A Iodice vende entre 10 mil e 15 mil peças por estação nos Estados Unidos, em lojas como Saks. No Brasil, são dez vezes mais. As peças que mostrará em Nova York são as da SPFW. Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Aguinaldo Diniz Filho, o atual momento promete alavancar o setor. Apesar da balança comercial desfavorável, de a desvalorização do dólar ter ajudado as importações e o Brasil ter desvantagens tributárias e trabalhistas em relação a países asiáticos, o volume de exportações cresceu 11,9% de 2006 a 2007. Atualmente, 92% do que o setor têxtil e de confecções brasileiro produz é consumido no próprio País. "Temos de admitir que estamos ainda engatinhando nesse sentido (internacionalização). É tudo muito novo e desafiador", reconhece Oskar Metsavaht, dono da Osklen, uma das grifes brasileiras com mais presença no exterior - tem loja própria no Soho de Nova York, e franquias em Portugal, Suíça, Itália e Japão. A loja suíça funciona numa das ruas mais chiques de Genebra. E recebe, com música brasileira e caipirinhas, clientes dispostos a pagar preços semelhantes aos de marcas européias caras . "O mais importante é o quanto estamos sendo observados", diz o estilista Ronaldo Fraga. Entre cem designers convidados a expor no Museu de Design, em Londres, é o único da América do Sul. COLABORARAM JAMIL CHADE E LETÍCIA SANTOS

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