Atualizada às 22h38
FLORIANÓPOLIS - Um protesto que impedia a entrada e a saída de embarcações - entre elas a de um transatlântico com 2,3 mil pessoas - desde a manhã de segunda-feira do Porto de Itajaí, em Santa Catarina, durou 30 horas e chegou ao fim na tarde desta terça-feira, 6.
Os manifestantes, liderados pelo Sindicato dos Armadores e das Indústrias de Pesca de Itajaí (Sindipi) e Sindicato dos Trabalhadores da Pesca em Santa Catarina (Sintrapesca), protestavam contra portaria de dezembro de 2014 que amplia para 90 o número de espécies consideradas em extinção e que não podem ser capturadas. O governo atendeu à reivindicação e os Ministérios da Pesca (MPA) e do Meio Ambiente (MMA) revisarão o documento.
Segundo os sindicatos, as proibições impostas pelo MMA representariam 35% da produção pesqueira do Brasil. Entre as espécies incluídas na regra estavam o atum e o cação, amplamente comercializados. “Nosso setor emprega mais de 60 mil na região. A portaria colocava em risco o trabalho dos pescadores, de quem trabalha em estaleiros, indústrias e fornecedores”, disse o presidente do Sindipi, Giovani Monteiro.
O protesto contou com mais de 200 embarcações que fecharam o canal de acesso ao porto. Além do transatlântico, dois cargueiros foram impedidos de zarpar e três navios não puderam entrar no local. O serviço de ferryboat sofreu atrasos.
Viagem atrasada. O transatlântico Empress, de bandeira maltesa, foi impedido de zarpar às 16 horas de segunda. Os 1,8 mil passageiros e 500 tripulantes foram obrigados a passar a noite nas cabines. Como já haviam efetuado o embarque na alfândega, eles estavam impedidos de sair do navio. Segundo a superintendência do porto, a maioria dos passageiros era de Santa Catarina e São Paulo.
Um dos passageiros, o advogado curitibano Marcos Vinicius Toloto contou que apenas dois boletins sobre a situação foram divulgados para quem estava no navio, um na noite de segunda e outra na manhã desta terça. Segundo Toloto, eles informavam o andamento das negociações entre manifestantes e Capitania dos Portos.
“Todas as atividades do cruzeiro funcionaram: teatro, cinema, piscina, programação infantil. A operadora conseguiu também que liberassem o cassino e o free shop. Tudo funcionou como se estivéssemos em alto-mar”, disse Toloto.
Segundo ele, antes do fim da manifestação ser anunciado, os passageiros ainda estavam calmos. “Se a situação permanecesse indefinida por mais um dia, teríamos protestos aqui também.”