Aposentada morre em operação truculenta da PM cearense

Comando da PM diz que está investigando esta e outras quatro ações policiais consideradas desastradas

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Por Lauriberto Braga
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Uma mulher de 59 anos morreu, na quinta-feira, 4, no Jardim União, periferia de Fortaleza, após uma abordagem policial. Segundo a família da vítima, a aposentada Nilce Nascimento da Silva foi arrastada por policiais militares, pelas ruas do bairro, quando eles procuravam uma arma roubada de um oficial do Corpo de Bombeiros. Cinco policiais militares do Ceará são acusados de matar a aposentada. Este ano pelo menos quatro ações policiais foram consideradas desastrosas. O comando da PM diz que está investigando todas estas ações e que os culpados serão punidos, caso se comprove o erro. Os PMs foram à casa da aposentada buscar uma arma do capitão do Corpo de Bombeiros, José Dinis, que teria sido roubada pelo sobrinho dela, Erivelton da Silva Fernandes. Ao chegar na casa, os PMs, segundo testemunhas, retiraram a mulher à força, espancaram e a arrastaram por um quarteirão. Parentes da vítima afirmam que ela era hipertensa. As investigações do caso ficarão a cargo do 8º Distrito Policial de Fortaleza. O comando da PM informou que instaurou procedimento administrativo para apurar a morte. De imediato, os cinco PMs envolvidos na ação foram afastados de suas funções. O comando do Corpo de Bombeiros abriu sindicância para saber se houve participação do oficial Dinis. Um vizinho, que presenciou toda a ação policial, foi quem socorreu Nilce. Segundo o jornal cearense "O Povo", o rapaz contou que pegou a aposentada pelos braços e saiu correndo em direção a outra rua para tentar conseguir um carro. Ao perceber que ela estava passando mal, afirmou o vizinho, um policial e um bombeiro a colocaram na viatura e tentaram socorrê-la. Federalização A Ordem dos Advogados do Brasil quer que o Ministério da Justiça decrete intervenção na Polícia Militar do Ceará e pediu ao procurador-geral da República, Antônio Fernando de Sousa, que a investigação seja federalizada.  A OAB relacionou ainda outras quatro ações consideradas desastrosas da PM este ano no Ceará. No último dia 26, PMs deixaram paraplégico o turista espanhol, Marcelo Ruiz, após confundirem o carro que ele estava com de assaltantes de banco. Em março passado, os estudantes de Medicina, Marcelo e Leonardo Moreno, foram mortos pelo capitão da PM, Daniel Gomes Bezerra, em Iguatu, no sertão cearense, após discussão banal na saída de uma churrascaria. O mestre de obras Francisco de Assis Palmeira Filho foi morto numa troca de tiros entre policiais e uma dupla de assaltantes, em Fortaleza, em abril deste ano. Já o universitário Antônio Neilton Farias de Sousa, morreu com um tiro na cabeça durante um cerco feito por PMs a uma van, na periferia de Fortaleza, há dois meses. O presidente da OAB-CE, Hélio Leitão, diz que caso o procurador Antônio Fernando de Sousa, aceite o pedido, a polícia cearense será afastada da condução dos casos e eles passarão a ser investigados pela Polícia Federal

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