Arcebispo pede fim da ''cultura do medo'' no País

PUBLICIDADE

Por José Maria Mayrink
Atualização:

O cardeal-arcebispo de São Paulo, d. Odilo Scherer, apontou a cultura do medo e uma letargia geral diante do aumento da violência como consequências diretas da falta de segurança, problema que um Estado repressor é incapaz de resolver se não corrigir situações de exploração, corrupção e injustiça. "É constrangedor as pessoas terem de se proteger atrás de muros", disse, ontem, na abertura da Campanha da Fraternidade 2009, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cujo tema é Fraternidade e Segurança Pública. Esse constrangimento, disse, atinge a Igreja, que se vê obrigada a cercar seus templos e a contratar segurança para não ser roubada. D. Odilo afirmou que a campanha buscará soluções, discutindo nas comunidades caminhos que levem à cultura da paz e destacando iniciativas como a polícia comunitária. O debate deve envolver a população e as autoridades. "As pessoas evitam sair. Têm medo e não acreditam em solução vinda do governo." Referindo-se às invasões no Pontal do Paranapanema, no oeste de São Paulo, d. Odilo disse que a Igreja condena o emprego de métodos violentos, mas advertiu que a paz no campo só virá quando houver "reforma agrária e garantia de acesso à terra para quem precisa trabalhar". O cardeal apontou ainda como causa do aumento da violência a precariedade do sistema penitenciário. "A superlotação, as detenções além dos prazos legais sem julgamento e a discriminação dos presidiários, com prisão especial para acusados nos crimes de colarinho branco, caracterizam uma situação de violência."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.