RIO DE JANEIRO - A alfândega da Receita Federal no Aeroporto Internacional do Rio apreendeu onze pistolas enviadas dos Estados Unidos pelos Correios. As armas não são utilizadas em território nacional, segundo afirmou o inspetor chefe da alfândega da Receita Federal no Tom Jobim, Claudio Ribeiro. As pistolas nove milímetros, de fabricação russa, possuem material e a tecnologia superiores às marcas conhecidas no Brasil.
A apreensão das pistolas, de uso exclusivo das Forças Armadas, levantou suspeitas sobre uma possível nova rota de tráfico de armas dos Estados Unidos para o Brasil via Correios do aeroporto do Galeão. O material foi retido segunda, terça e quarta-feira.
De acordo com o inspetor chefe, a remessa pode ter sido enviada para testar a fiscalização. "A gente não sabe se isso era um teste para que se houvesse algum problema de falha na fiscalização, o canal via Galeão-Correios pudesse se tornar uma rota de importação irregular dessas armas", explicou Claudio Ribeiro, lembrando que a maior parte das pessoas não sabe que todas as 5.500 mercadorias que chegam diariamente ao Rio, vindas do exterior, passam pelo scanner da Receita Federal.
O inspetor chefe revelou que no aparelho de raio-X materiais como plástico e vidro ficam verdes. Já o metal fica azul. Por este motivo foi fácil identificar que os objetos não eram brinquedos ou equipamentos esportivos como estava escrito nas caixas. O valor também estava alterado. Na descrição constava vinte dólares, quando na verdade cada arma vale 1.200 dólares.
Elas vieram em caixas destinadas a onze pessoas no Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo e Santa Catarina. E foram enviadas por dois remetentes de Illinois e do Texas, no EUA. Na capital fluminense, entre os destinatários há endereços nobres da Região Metropolitana.
O chefe da sessão de remessas postais internacionais da Receita Federal, Alexandre Cassar, acrescentou que os endereços são verdadeiros, mas os nomes dos remetentes e dos destinatários podem não ser: "Os endereços realmente existem. Até porque se não existissem não teria como os Correios fazerem a entrega das armas caso elas passassem por fora da Receita Federal". A investigação sobre a identidade dos envolvidos foi repassada ao setor de inteligência da Receita. Também já foi feito contato com a aduana norte-americana para descobrir a origem das armas.
Esta é a segunda vez que uma remessa desse tipo de pistolas é enviada ao Brasil. Ano passado, três exemplares chegaram ao Rio e também foram apreendidos. "É um calibre fortíssimo e por isso estão importando a arma. Talvez para comercializar no Brasil", acredita Alexandre Cassar.
Após a investigação, as pistolas serão incorporadas ao Exército para que possam ser utilizadas pelos militares.