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Arquitetura estrangeira invade SP

Por Rodrigo Brancatelli
Atualização:

Da taipa de pilão ao tijolo e concreto armado, São Paulo foi construída e destruída inúmeras vezes, transformando a paisagem da cidade de hoje em um imenso mosaico urbano. Há sim beleza, claro, como há feiura, confusão, surpresas - do mesmo jeito que existem as "São Paulos" do café, da belle époque e do modernismo, existe também a capital das pontes pesadas, dos prédios comerciais cheios de vidros esverdeados e dos edifícios residenciais neoclássicos. Nesse caldeirão de referências, outra São Paulo está aparecendo agora pelas ruas, a São Paulo estrangeira, construída com novas formas, cores e curvas por arquitetos americanos e europeus. O boom imobiliário paulistano, que nos últimos dois anos se concretizou com o lançamento de 1.200 empreendimentos, trouxe também para a cidade uma leva de arquitetos estrangeiros - contratados por empresas, entidades e até órgãos públicos em busca de uma nova arquitetura, que reflita uma cidade mais moderna e globalizada. A onda que começou com lojas da Rua Oscar Freire e do Shopping Iguatemi agora aparece em conjuntos residenciais, centros culturais, baladas, estádios de futebol, escritórios, teatros, shoppings e até fábricas. "O aquecimento do mercado imobiliário daqui fez com que vários clientes importem a expertise para criar algo diferente e belo", diz o consultor americano e especialista em planejamento urbano Elijah Wilcox, que há um ano e meio trabalha em São Paulo. O case de maior sucesso atualmente é o do grupo franco-brasileiro Triptyque, já bem famoso pelo design de seus prédios, lojas e residências. A última novidade do quarteto, formado por Carolina Bueno e pelos franceses Gui Sibaud, Grég Bousquet e Olivier Raffaëlli, é o belíssimo desenho do bar Sonique, na Rua Augusta, onde fiações e tijolos aparentes se misturam a molduras de néon monocromático. Na cola deles aparecem diversos novos nomes com grafia estrangeira, como o escritório nova-iorquino DBB Aedas - um dos mais renomados do mundo, responsável pelo museu do Memorial World Trade Center -, que abriu há pouco mais de um ano uma filial no Itaim-Bibi, na zona sul. "O mercado de São Paulo sempre foi muito fechado", conta a arquiteta Anna Julia Dietzsch, responsável pela DBB Aedas paulistana. "Os clientes são sempre tímidos, gostam de usar uma fórmula que dá certo, como os prédios neoclássicos. Mas hoje você tem mais referências, tem a internet. As novas ideias podem ser assimiladas de uma forma muito mais fácil."

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