Artista trabalhou por 6 anos em estátua

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Até os seus últimos dias, Julio Guerra morou no bairro de Santo Amaro. Vítima de câncer, morreu em 2001, na casa onde trabalhou durante seis anos na polêmica estátua do Borba Gato. "Era uma casa térrea, de três quartos e sem muita frescura", diz a antropóloga Maria Lúcia Montes, que mergulhou na história do artista. "Apesar de ser de família rica, morava numa casa antiga, que tinha um quintal imenso." Segunda a antropóloga, Guerra ficava muito irritado quando as pessoas diziam que seu bonecão era feito de pastilhas. "A estátua é toda de pedrinhas, que foram polidas, uma a uma, pelo artista. Foi um trabalho insano." Essa dedicação à arte e a disciplina foram adquiridas com a convivência que teve com o amigo Victor Brecheret. Os dois chegaram a tocar uma obra juntos. "Ele ajudou Brecheret no Monumento ao Duque de Caxias, no Ibirapuera", diz Gilberto Habib Oliveira, curador da exposição. Embora sua participação nesse trabalho seja quase anônima, o monumento foi um marco em sua carreira, abrindo portas para trabalhos importantes na cidade. Desde os anos 40 foi um participante assíduo dos Salões Paulistas de Belas Artes, nos quais recebeu vários prêmios. A partir de 1951, passou a participar também dos Salões de Arte Moderna, como expositor, organizador ou membro do júri da premiação. Na década de 50, com a criação das Bienais, participou da primeira a sexta edição do evento, voltando a ser incluído na Bienal de 1984. "A excelente educação que recebeu não impediu seu acesso a cultura popular", diz Maria Lúcia. Seu pai era dono de um bar humilde. "Isso dá para notar nas obras." V.F.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.