Artistas se manifestam contra 'cura gay' e aderem à campanha 'trate seu preconceito'

Cantora Anitta gravou vídeo afirmando que está 'devastada' e chamando de 'burrice' liberação da reversão sexual

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Por Juliana Diógenes
Atualização:
Nas redes sociais, usuárioscompartilharam esta imagem em reação à liberação da cura gay Foto: Reprodução

Uma campanha nas redes sociais contra a decisão que liberou nesta segunda-feira, 18, a terapia de reversão sexual - conhecida como "cura gay"- por psicólogos mobilizou artistas como os cantores Anitta, Pabllo Vittar, Di Ferrero (vocalista do NX Zero) e Daniela Mercury, além dos atores Bruno Gagliasso e Cauã Reymond.

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Usuários têm utilizado a hashtag #TrateSeuPreconceito e #HomofobiaNãoÉDoença em protesto à decisão. Em vídeo, Anitta pediu que pais não obriguem seus filhos a buscar tratamento. As cantoras Ivete Sangalo e Sandrá Sá, a atriz Taís Araújo, a banda Natiruts e o cantor Lulu Santos também usaram as redes sociais para se manifestar contra a decisão judicial que liberou a "cura gay" por psicólogos.

Nesta segunda, o juiz federal da 14ª Vara do Distrito Federal Waldemar Cláudio de Carvalho concedeu liminar que abre brecha para que psicólogos ofereçam a terapia de reversão sexual, conhecida como "cura gay"’, tratamento proibido pelo Conselho Federal de Psicologia desde 1999. 

Postado por volta das 22 horas desta segunda, o vídeo de Anitta no Instagram havia alcançado mais de 740 mil visualizações na manhã desta terça-feira, 19. Ela diz estar "devastada" e afirma que o projeto é uma "burrice". 

"O Brasil se devastando, e as autoridades preocupadas com quem queremos nos relacionar. Isso precisa acabar", pede Anitta. "Deus, cure a doença da cabeça do ser humano que não enxerga os verdadeiros problemas de uma nação. Pais, não obriguem seus filhos a procurarem cura pra uma doença que não existe, baseados neste fato político. Essa busca interminável, sim, pode deixá-los realmente doentes." 

A decisão do juiz Walderm Cláudio de Carvalho atende a pedido da psicóloga Rozangela Alves Justino em processo aberto contra o colegiado, que aplicou uma censura à profissional por oferecer a terapia aos seus pacientes. Segundo Rozângela e outros psicólogos que apoiam a prática, a Resolução do C.F.P. restringia a liberdade científica.

“Sendo assim, defiro, em parte, a liminar requerida para, sem suspender os efeitos da Resolução nº 001/1990, determinar ao Conselho Federal de psicologia que não a interprete de modo a impedir os psicólogos de promoverem estudos ou atendimento profissional, de forma reservada, pertinente à (re) orientação sexual, garantindo-lhes, assim, a plena liberdade científica acerca da matéria, sem qualquer censura ou necessidade de licença prévia por parte do C.F.P., em razão do disposto no art. 5º. inciso IX, da Constituição de 1988”, anota o magistrado.

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A cantora Pabllo Vittar usou o Twitter para se manifestar contra a liberação da reversão sexual, afirmando que "o preconceito não vai vencer".

Já o cantor Di Ferrero compartilhou uma imagem do arco-íris, símbolo do público LGBTT.

Por sua vez, ator Bruno Gagliasso disse que a decisão é uma "imbecilidade". Ele protestou no Instagram na noite desta segunda, usando uma imagem em que teve mais de 79 mil curtidas. "Indo dormir com essa imbecilidade q acabei de ler.... Sr. juiz, AMOR ❤️ não é doença e quem precisa de tratamento é o Sr. O próprio conselho de psicologia repudiou essa medida.... #vivaoAMOR #ame", escreveu o artista.

Até o início da tarde desta terça, a cantora Daniela Mercury havia feito pelo menos 12 postagens no Istagram em protesto à decisão que libera a terapia de reversão sexual por psicólogos. Ela postou ainda imagens com a esposa, a jornalista Malu Verçosa, com quem é casada há quatro anos. 

"Uma sociedade saudável deve promover a paz, a união, a fraternidade, o respeito, a democracia, a liberdade, o amor e o respeito as diferenças. E não permitir a opressão, a violência, a discriminação, o preconceito, a separação, a discórdia. Somos livres e iguais", disse Daniela. 

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Nesta segunda, o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) definiu como "aberração jurídica" a decisão do juiz. Wyllys avisou que vai promover uma mobilização no Parlamento e se aliar ao Conselho Federal de Psicologia para recorrer da decisão do juiz federal. "É uma aberração jurídica, como outras que acontecem no País. Como é que o Judiciário se presta a isso? O Judiciário não está agindo de acordo com a Constituição", comentou. 

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